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Senhor Hulot ironiza febre modernista em Meu Tio, de Jacques Tati
O ator e diretor francês Jacques Tati (1908 – 1982) é outro daqueles nomes célebres do cinema europeu pouco lembrados ou quase esquecidos neste final de milênio. Realizador de poucos filmes – seis longas apenas, entre 1949 e 1974 –, Tati criou um personagem famoso, o atrapalhado e crítico senhor Hulot. A magia de Hulot retorna com a reestréia de Meu Tio (Mon Oncle)em cópia restaurada.
Com Meu Tio, Jacques Tati conquistou o prêmio especial do júri do Festival de Cannes de 1958. Realizado em cores, o filme tem um visual elaborado. O roteiro opõe a casa bagunçada e antiga em que vive Hulot com o ambiente ordenado e moderno de seus parentes.
Mr. Hulot está de volta
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Armando uma piada atrás da outra, Tati lança mão de gags visuais que vão da ingenuidade da visão do repuxo de água em forma de peixe que é acionado a cada vez que chega uma visita na casa dos ricaços à maldade do assobio utilizado para distrair os transeuntes fazendo com que eles dêem uma trombada em um poste.
Em companhia de seu sobrinho, Hulot vive uma série de peripécias que ridicularizam com a febre modernista do final dos anos 50, em especial a automação.
Hulot é um personagem baseado na mímica de Charles Chaplin e foi visto em Tempo de Diversão (1967) e As Aventuras de Mr. Hulot no Tráfico Louco (1971), filmes menos bem-sucedidos em termos comerciais, o que levou o último longa de Tati, Parade (1974), a não chegar aos circuitos brasileiros, em que filmes como As Férias do Sr. Hulot (1953) e Meu Tio fizeram grande sucesso de público e crítica.
Em seu primeiro filme, Carrossel da Esperança (1949), o carteiro interpretado por Tati já era um esboço para o personagem de Hulot. Este ano, a filha de Tati, Sophie Tatischeff, esteve no Brasil apresentando seu longa Le Comptoir de Marie. Em 1988, ela dirigiu o documentário Tati Sur les Pas de Mr. Hulot.
(Tuio Becker/Agência RBS)
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