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Clandestinos em Paris discute racismo
 Filme mostra o lado miserável de Paris |
Um dos destaques da
20ª Mostra Internacional de São Paulo, Clandestinos em Paris, do
argelino Merzak Allouache, é uma crítica bem-humorada
à intolerância e ao racismo que invadem a França neste fim de século,
com a ascensão da extrema-direita de Le Pen.
Alilo (Gad Elmaleh) vem de Argel a Paris para pegar uma "encomenda" para
seu patrão. O contrabando não passa de roupas de segunda mão, valiosas
na Argélia depauperada pelo militarismo e o fundamentalismo religioso.
Alilo perde o endereço de seu contato, e acaba
pedindo abrigo ao primo Mok (Mess Hattou), um argelino aculturado, orgulhoso
da gíria de periferia que domina com perfeição.
Alilo convive com uma Paris distante do imaginário popular, uma cidade
dominada pelo racismo no bairro árabe de Barbés, as revistas nada gentis
dos policiais franceses, a miséria, a delinquência e a marginalidade em
que vive a comunidade argelina. Em um país onde a Argélia é uma ex-colônia
indesejável e ameaçadora, Mok representa o imigrante
que deseja esquecer suas raízes e ser aceito em uma sociedade que o repudia,
à custa de uma sobrevivência árdua na periferia de Paris.
Já o deslumbrado Alilo transpira uma certa ingenuidade esperançosa. Com bom-humor e alegria de viver, Alilo encarna a possibilidade real de um aprendizado perfeitamente possível - a convivência com as diferenças. (Cássia Borsero)
