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Edward Norton estréia na direção com o romântico "Tenha Fé"
Edward Norton é um dos melhores atores americanos de sua geração. Talvez seja o melhor - Todos Dizem Eu Te Amo, O Povo contra Larry Flint, A Outra História Americana e Clube da Luta provaram não só seu talento, mas também a extensão do seu registro, que lhe permite assumir papéis bem diferentes uns dos outros. Esperava-se muito, por isso, da estréia de ator tão talentoso na direção. Tenha Fé decepciona. Mostra o quanto o politicamente correto pode ser danoso.
Não que seja o pior filme do mundo. O diálogo é divertido, os atores são bons (o próprio Norton e mais Ben Stiller e Jenna Elfman), a história tem seu interesse. Começa como um flash-back, quando um bêbado Edward Norton entra num bar e despeja para o barman toda a angústia produzida pela seguinte situação. Desde criança, ele, que se chama Brian, formou um trio inseparável com Jake e Anna. A menina foi para longe, o que fortaleceu a ligação de Brian e Jake. Brian tornou-se padre, Jake virou rabino e as vocações balançam quando Anna volta como linda mulher.
Há muita coisa divertida no processo como Brian e Jake logram tornar-se religiosos de grande aceitação nas respectivas comunidades. As constantes referências a personagens e shows de TV, a mãe judaica interpretada por Anne Bancroft, o padre criado pelo diretor Milos Forman e que admite se apaixonar pelo menos uma vez a cada dez anos, tudo isso é razoavelmente inteligente.
Mas entra a praga do politicamente correto.
Não apenas o filme apresenta uma visão fantasiosa da diversidade religiosa e cultural entre católicos e judeus, propondo uma harmonia sem muita base na realidade, como o católico ainda se sacrifica pela felicidade alheia. O filme fica bobo, mas seu romantismo pode seduzir a platéia.
(Agência Estado)
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