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Bruce Willis e a crise dos 40 no novo filme da Disney "The Kid"
John Turteltaub dirigiu Fenômeno, com John Travolta, e Instinto, com Anthony Hopkins. Assina agora Duas Vidas, que estréia nos cinemas brasileiros. O novo filme de Bruce Willis coloca o astro de Duro de Matar às voltas com uma criança. Depois do garoto de O Sexto Sentido, interpretado por Haley Joel Osment, outro garoto, criado por Spencer Breslin. A diferença é que o menino de Duas Vidas é o próprio Willis antes de virar adulto.
Chama-se The Kid, no original. Ou melhor, chamava-se. Como esse título pertence a um filme antigo de Charles Chaplin (O Garoto, no Brasil), a empresa produtora e distribuidora houve por bem acrescentar o nome Disney ao título original. Ficou Disney's The Kid, o que não agrada ao diretor, pois ele, conforme declarou a Marcelo Bernardes, do jornal "O Estado de S.Paulo", não quer que seu trabalho seja visto como apenas mais uma comédia dos estúdios de Walt Disney.
Está convencido de que fez um filme muito pessoal - sobre o momento de questionamento de todo quarentão que se olha no espelho e pergunta "Onde foi que errei para me tornar um perdedor assim?" Como protagonista, Willis faz um consultor de imagem, um desses profissionais que ajudam artistas, políticos e empresários a melhorarem a popularidade (ou livrarem a cara de alguma grande encrenca). O homem é uma peste - inferniza a vida da secretária, da namorada, do pai. Às vésperas de completar 40 anos, Willis surpreende-se com a entrada de um garoto em sua vida. Surpresa maior Willis tem ao descobrir que se trata dele mesmo quando garoto. O que esse garoto veio fazer é óbvio - ajudar o herói a aprimorar-se como pessoa, a descobrir o amor, etc.
Não é uma trama sobrenatural, como a de O Sexto Sentido. Mas também foge do freudianismo que poderia estar implícito no confronto do personagem com sua infância. O problema de Duas Vidas não é que seja ruim. É mostrar que Hollywood tende a banalizar (e sentimentalizar) toda indagação existencial.(Luiz Carlos Merten/ Agência Estado)
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