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"O Filho Adotivo" traça a aridez do amadurecimento



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Para perder a inocência da infância e entrar no mundo adulto, uma receita: morte, sexualidade e rejeição. O roteiro não é novo, mas em O Filho Adotivo, segundo longa de Aktan Abdykalykov, a história é contada com grande emoção e respaldada numa qualidade visual e sonora acima da média.

Premiado com o Leopardo de Prata no festival de Locarno, o drama de O Filho Adotivo acontece numa aldeia do Quirguistão, terra natal do diretor. E nada de belas paisagens. Só o árido cenário do país. A propósito, o Quirguistão é uma ex-república soviética, na Ásia Central.

A aridez da terra pode servir de metáfora para o estado de espírito do jovem Bashkempir. Pré-adolescente, o garoto está descobrindo a sexualidade, ao mesmo tempo em que ainda participa de brincadeiras infantis com seus amigos. Está naquela idade em que criança e adulto mais se misturam.

Em meio a um jogo muito familiar aos brasileiros - o 'passa-anel' - o melhor amigo de Bashkempir percebe o carinho que surge entre uma das garotas da vila e o amigo. Com ciúmes (da garota ou do amigo?), ele começa uma briga em que, derrotado, usa sua última arma para ferir Bashkempir - chama-o de 'enjeitado' e revela sua origem.

Bashkempir é filho adotivo. O espectador, e a maior parte da aldeia, já sabem disso. O filme começa justamente com o ritual de adoção, que consiste em passar os panos que vão cobrir a criança adotada por baixo das pernas de cinco velhas senhoras. O bebê é coberto com os panos do ritual a as velhas consumam a adoção. Reza uma tradição local que as famílias com muitas crianças devem ceder uma delas para um casal sem filhos. Foi o que aconteceu com Bashkempir (título original do filme, que significa 'cinco velhas senhoras').

É o estopim para a desestabilização emocional do garoto. Mergulhado em silêncio, ele se afasta da família e dos amigos. Assume, enfim, a condição que insistem em lhe atribuir - a condição de 'enjeitado'.

Agora que conhece a verdade, Bashkempir deve se reconciliar com mundo, ele precisa crescer. Saber sua origem e uma morte inesperada precipitam o amadurecimento.

O Filho Adotivo exibe muitos costumes quirguizis que parecem exóticos aos nossos olhos - o próprio ritual de adoção e uma cerimônia fúnebre. Mas são apenas elementos coadjuvantes. Diferente, por exemplo, do recente cinema iraniano, em que os hábitos característicos são muitas vezes os elementos centrais, como em Gabbeh e O Vento Nos Levará.

A produção de Abdykalykov também não traz belas paisagens como os filmes iranianos. Tão pouco os planos-seqüência são longos. Os cortes são rápidos, até. O apelo visual do filme está no tratamento dado à aridez da terra, por meio de uma fotografia bem cuidada e cheia de ângulos inusitados. A natureza apenas aparece generosa por meio de sons. O barulho de pássaros - insistente, monótono - acompanha as mudanças abruptas na vida do menino.

É quando a morte e o sentimeto de rejeição perdem espaço. A sexualidade que surgia confusa assume formas mais nítidas e concretas. A aridez só vai abrandando junto com o surgimento da consciência adulta de Bashkempir. (Marcelo de Almeida/ Redação Terra)




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O FILHO ADOTIVO

Título Original: Beshkempir
País de Origem: França/ Quirguistão
Ano:
1998
Duração: 81 min

Diretor: Aktan Abdykalykov
Elenco: Mirlan Abdykalykov, Adir Abilkassimov, Mirlan Cinkozoev, Bakit Dzhylkychiev, Albina Imasheva, Talai Mederov










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