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Anahy
de Las Misiones O Rio Grande do Sul esperou décadas até que um diretor da terra voltasse o olhar para a Guerra dos Farrapos (1835-1845), quando as tropas de Bento Gonçalves, com o apoio do revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, sonharam em construir um território livre do jugo imperial: São Pedro do Rio Grande.
Anahy de Las Misiones já foi visto por mais de 300 mil pessoas no Sul do País, revelando o talento da atriz gaúcha Araci Esteves, aclamada como a "Fernanda Montenegro do Sul". O diretor Sérgio Silva optou por reavivar uma antiga lenda cisplatina ambientada durante os Farrapos para traçar uma saga gaúcha de dimensões épicas. Anahy de Las Misiones dividiu o Candango de melhor filme com Miramar, de Julio Bressane, e Araci faturou um merecido prêmio de melhor atriz, no 30º Festival de Cinema de Brasília. A atriz sofre no corpo de Anahy, uma mãe-coragem que percorre os campos devastados pela guerra em busca de cadáveres. Em companhia dos filhos, três rapazes e uma moça, ela pilha as vítimas para sobreviver aos horrores do conflito, negociando o roubo com farrapos e legalistas. O peso da vida está em cada cena enevoada, na carroça arrastada depois do roubo dos bois, e até numa referência histórica não aprofundada, na bela cena em que um navio atravessa o Pampa arrastado por homens castigados. A referência é clara: Garibaldi aproveitou o exílio no Brasil para aderir à causa dos revolucionários farroupilhas e, em Santa Catarina, acabou se apaixonando pela brasileira Anita e fundando a República Juliana. Como precisava chegar a Laguna (SC) e a saída para o mar estava bloqueada pelas tropas monarquistas, o jeito foi navegar em terra firme pelos pampas. Além da bela fotografia e das locações exuberantes, a recomposição do "gauchês" do século passado confere sabor ao filme, com expressões só encontradas nos livros de Érico Veríssimo.(Cássia Borsero)
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Título Original: Anahy
de Las Misiones |
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