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Allan Parker toca no topo da tristeza em "As Cinzas de Ângela"
Imagens de pobreza como as vivenciadas por uma parcela da população brasileira podem ser vistas em As Cinzas de Ângela. Allan Parker transborda melancolia e tristeza em sua nova produção, que traz uma família na Irlanda dos anos 30.
O roteiro, baseado nas memórias de infância do escritor Frank McCourt, apresenta um drama amargo sobre uma vida pobre e precária. Tudo começa quando uma família irlandesa sai de Nova York e volta pela Irlanda, no momento, assolada pela fome. Após a repentina morte da filha de apenas sete semanas, Ângela (Emily Watson) e seu marido desempregado e alcoólatra, Malachy (Robert Carlyle), partem do porto com seus quatro filhos, Frank, Malachy Jr. e os gêmeos Eugene e Oliver.
Quando chegam ao país, recebem uma acolhida fria. A avó de Ângela empresta-lhes dinheiro para irem morar num pequeno lugar na Windmill Street e qualquer esperança que ainda tinham da sorte favorecer-lhes desaparece quando o pai não consegue achar emprego e Oliver morre de subnutrição e friagem.
Em poucos meses, morre também Eugene e o pai sente-se ainda mais fracassado, "bebendo" até o dinheiro do seguro-desemprego.
Ângela, então, parte em busca de ajuda humilhando-se em uma situação semelhante à de esmola, para proteger e cuidar de sua família.
Uma mudança para outro local cria novas esperanças na família mas, como sempre, os McCourt se desapontam.
O banheiro para todos os moradores da rua fica em frente à porta de entrada de sua casa, e o primeiro andar é tão úmido que passam a viver no andar de cima.
Em Roden Lane Ângela dá à luz a Michael.
Frank (vivido por três atores em diferentes fases: Joe Breen, Ciaran Owens e Michael Legge) e Malachy vão para a National School de Leamy, onde os outros meninos debocham deles.
Sempre enfrentando dificuldades como fome, frio e todo tipo de desapontamentos, a família cresce em tristeza e miséria. O pai afoga-se cada vez mais na bebida e Ângela, tem cada vez mais filhos.
Dentro deste contexto sufocante e perturbador ainda surgem pérolas de esperança, como a lembrança de Frank de cenas felizes, além das boas deixas reveladas pelo sarcasmo inglês.
Tentando negar esta tristeza e melancolia, a única opção de Frank é partir, deixando para trás suas verdadeiras e amargas origens.
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