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"Iremos a Beirute" evidencia vida de descendentes árabes no interior do Ceará
Antes mesmo de entrar em cartaz, o filme do cearense Marcus Moura já causou polêmica e dividiu a crítica.
Longa de estréia do cineasta, a trama converge sobre descendentes árabes que vivem numa cidade do interior do Ceará, através dos personagens Salma (Giovanna Gold), Aziz (Ilya São Paulo) e Gibran (Guilherme Karan).
Ainda na década de 70 garotos que formam o time de futebol de salão Ajax brigam pela atenção e amor de Salma, irmã de um dos jogadores e filha do técnico, um libanês proprietário do estabelecimento Casa Beirute. Salma promete optar por um dos garotos após uma partida de futebol importante, mas o processo é interrompido por um trágico acidente.
Vinte anos depois, ainda indecisa, ela promove a finalização do jogo e descobre o motivo de tão longa e dolorosa indecisão.
Iremos a Beirute pretende um painel delicado sobre o cotidiano de pequenos personagens marcando desencontros e desilusões. Com um roteiro fragmentado, a história se desenvolve em conflitos inesperados e situações dramáticas interrompidas bruscamente, mostrando um fio narrativo frágil. Esta fragilidade aumenta a dramaticidade, sugerindo a existência de traumas sedimentados e aleatórios.
A incapacidade de amar e ser amado por quem se espera é um dos temas do filme que também avança sobre o futebol. O universo retratado insere-se num drama intimista em que o que está em jogo são os sentimentos.
Realizado em 1998 durante a nova safra de filmes do Ceará, o longa foi o vencedor da III Mostra Internacional de Novos Talentos no VIII Cine Ceará, cuja votação pelo público causou desavenças e polêmicas entre a crítica.
A produção também foi apresentada no Encontro de Cinema da América Latina de Toulouse e nos festivais de Cremona (Itália), de Havana, de Bari (Itália), de Providence (Estados Unidos) e de Kerala (Índia), além de ter participado da Première Brasil da MostraRio e da 22º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Moura é formado pela Escola Internacional de Cinema e Televisão de Havana, e dirigiu Pandeiros e Emboladas (1984), um documentário em Super-8, e os curtas El Pudor (1990) e O Amor Não Acaba às 15h30 (1995), que foram premiados em festivais brasileiros.
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