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Kieslowski critica a sociedade em A Cicatriz Não é difícil imaginar porque A Cicatriz, um dos primeiros filmes do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, foi censurado na Polônia. Ao enterrar a câmera na verdade básica de uma sociedade corrompida, em que os avanços sociais são pautados pelos mais diversos interesses, Kieslowski realizou o tipo de crítica corrosiva que não interessa a nenhum governante, de esquerda ou direita.
Kieslowski morreu em 1996, sem ver A Cicatriz nos cinemas de seu país. E agora os fãs do poeta de O Decálogo e da "trilogia das cores" (Bleu, Blanc e Rouge) podem ver este filme aqui no Brasil. A história focaliza os conflitos gerados pela construção de um grande complexo petroquímico, em 1970. Depois de muitas discussões e negociações desonestas, o complexo deve ser construído em uma pequena cidade. Escolhido para tocar a obra, o dirigente Bednarz (Franciszek Pieczka) fica indeciso. Já viveu na cidade, onde sua esposa foi ativista política, e não tem boas recordações. Por ser honesto e bem-intencionado, aceita a tarefa por acreditar que pode dirigir o projeto sem compromissos e gerar um lugar onde as pessoas possam trabalhar e viver felizes. Sua ingenuidade cai por terra com as reações adversas da população, que não concorda com suas decisões e só enxerga as necessidades diárias, sem uma visão de futuro. Desiludido, Berdnaz acaba se demitindo, com a sensação de dever não cumprido e um conflito que o corrói: será possível criar avanços sociais sem ceder às pressões dos vários interesses envolvidos, e sem trair a própria consciência? É a indagação que Kieslowski coloca diante do espectador e de si mesmo. (Cássia Borsero) |
Título Original: Blizna |
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