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"Quase
Famosos" traz visão nostálgica do auge do rock na década
de 70
Você confiaria em um
jornalista de apenas 15 anos? Pois acredite, o de Quase Famosos é
surpreendente.
A cidade é Los Angeles. O ano é 1973. William (Patrick Fugit) é um garoto
precoce. Aos 10 anos conversa com a mãe sobre aspectos da literatura,
aos 15 faz críticas musicais, logo, é convidado para ser repórter da consagrada
revista Rolling Stone.
Sua
paixão pela música começou quando sua irmã foi embora e lhe deixou,
de presente, uma mala cheia de discos debaixo da cama. Beatles, Simon
& Garfunkel, Joni Mitchell e The Who mudaram sua vida. Seu futuro
tornou-se mais que promissor.
Escrevendo amadoramente para a revista Creem, o jovem encontra uma espécie
de mentor intelectual chamado Lester Bangs. Lester (Philip Seymour Hoffman)
é um dos mais respeitados críticos de música da época, e ensina o jovem
William a conviver neste meio perigoso, cheio de fama, garotas e astros
do rock. Seu conselho é: "...nunca fique amigo dos músicos de rock. Seja
sincero e impiedoso". Mas,
isso é uma meta bastante difícil para William, pois o que ele mais quer
é fazer parte deste contexto e ser admirado por essa gente que, na verdade,
são seus ídolos.
Quem o ajuda a integrar-se neste universo é a atraente Penny Lane, líder
de um grupo de fãs que se auto-denominam band aids. A jovem Kate Hudson
(indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante) é perfeita no papel da apaixonada
Penny Lane. Ela e William criam um grande vínculo, transformando-se em
amigos e confidentes. Os dois vivem momentos perturbadores quando ingressam
numa turnê pelos Estados Unidos ao lado da banda em ascensão Stillwater.
De fãs, tornam-se quase família do grupo que, em crescente sucesso, não
consegue lidar com as dificuldades do estrelado.
O
filme traz um retrato claro e íntimo das pessoas que fazem e admiram a
música. Trata a relação ídolo x fãs com maturidade, discutindo a importância
mútua dos dois lados no alcance do sucesso. Os bastidores, as festas regadas
a muita bebida e drogas são o pano de fundo dos conflitos destes jovens
apaixonados pelo rock.
De Bowie a Led Zeppelin, o universo musical dos anos 70 é revelado com
carinho e olhar apaixonado de um jovem observador que, acima de tudo,
é um ardoroso fã.
Quase
Famosos é nitidamente inspirado na vida do próprio criador do filme,
o diretor Cameron Crowe. Assim como seu personagem, Crowe começou a carreira
como jornalista de rock aos 15 anos de idade. Em 1973, quando completava
16 anos, tornou-se integrante da equipe da revista Rolling Stone, onde
posteriormente tornou-se editor associado. Em sua adolescência, o jovem
jornalista escreveu sobre os grandes artistas da época de ouro do rock,
o que mostra um efeito fundamental sobre Crowe, que, após passar do jornalismo
para o cinema, resolveu migrar a alma de sua história para as telas.
O
jovem ator Patrick Fugit foi descoberto pela diretora de elenco que lançou
uma campanha nacional na busca de um adolescente para o papel. Patrick,
que não tinha experiência alguma em uma grande produção, encarna perfeitamente
a alma do personagem: observador, curisoso e deslumbrado, pronto para
vivenciar todas as coisas novas que estão aos seus pés.(Luciana
Rocha/ Redação Terra)
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