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Jarmusch faz elegia à lealdade em "Ghost Dog - The Way of the Samurai"
Jim Jarmusch está de volta. Ídolo do público francês, este diretor traz mais uma de suas obras primas.
Ghost Dog -The... pode ser amado ou odiado. Com universo solitário e personagem estranho, esta produção chega abordando o tema da leldade a partir da história de um grupo de mafiosos.
Depois de anos sem um longa-metragem, o diretor de Estranhos no Paraíso, Daunbailó e Trem Mistério, cria mais um filho-personagem especial, que chega a ser demolidor.
Ghost Dog é um assassino profissional que vive no telhado de um velho edifício acompanhado de dezenas de pombos. Sua vida é levada à risca pelos ensinamentos do Hagakuri, livro japonês que faz citações sobre a filosofia e conduta dos samurais.
Interpretado por Forest Whitaker (Bird e Traidos Pelo Desejo), Ghost Dog é uma espécie de mestre zen do submundo. Vivendo solitariamente no Bronx, sua vida baseia-se em leitura, fidelidade à seu mestre, dedicação aos pássaros e assassinatos encomendados.
No ritmo do personagem o filme segue lento, calmo e estiloso, ao fundo de um bom rap de RZA, fundador do grupo Wu-Tang Clan, de Nova York.
O roteiro trata a máfia com certa melancolia e carinho. Ghost Dog tem uma dívida pessoal com um gângster ítalo-americano desde que este lhe salvou a vida, e considera-se um eterno agradecido.
Seu personagem responde todas as vezes às ordens do mestre mafioso, mas o grupo veterano, que sempre utilizou seus serviços, quer eliminá-lo.
Isso não basta para que Ghost Dog negue sua leldade, levando seus atos de vassalo fiél às últimas consequências.
Jarmusch é poético. Com simplicidade e poucas palavras ele consegue envolver e fazer rir. Um dos grandes pontos da trama é a amizade entre Ghost Dog e um imigrante das Guianas vendedor de sorvetes. Um só fala inglês, o outro apenas francês, mas os dois se entendem à sua maneira. (Luciana Rocha)
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