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"À Espera de um Milagre" traz drama penitenciário e humanista
Esnobado pelo Oscar, Tom Hanks volta como um guarda certinho e polido em À Espera de um Milagre. Dirigido por Frank Darabont, a história é uma adaptação do folhetim dramático de Stephen King e disputa quatro Oscars - melhor filme, roteiro adaptado, som e ator coadjuvante (Michael Clarke Duncan).
Esta é a segunda adaptação de King realizada por Darabont - que faz aqui seu segundo filme. O primeiro, Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, EUA, 1994) recebeu sete indicações para o Oscar. Ambos se passam em prisões americanas do passado, narram histórias humanistas e apresentam forte apelo emocional.
Nesta história, ambientada em 1935, Tom Hanks é Paul Edgecomb, chefe do bloco "E" de um presídio de segurança máxima na Louisiana, sul dos EUA. É neste bloco que ficam os prisioneiros do corredor da morte. O título original do filme The Green Mile (A Milha Verde), refere-se ao piso cor de limão do corredor.
Junto a outros quatro guardas, Edgecomb cuida dos últimos dias de assassinos e malfeitores condenados à morte na cadeira elétrica.
Brutus (David Morse), Dean (Barry Pepper) e Harry (Jeffrey DeMunn) são os policiais que trabalham junto aos detentos condenados à morte. Todos estes guardas aparecem com certa sensibilidade, calma e ética. O único que foge à regra é Percy (Doug Hutchinson), jovem que representa o lado sádico e demoníaco. Sua personalidade é tão mesquinha e perversa que apresenta-se como um dos pontos mais fortes do filme, contrapondo sua maldade com a bondade dos seus companheiros.
A rotina de Edgecomb e seus colegas muda com a chegada de um condenado. Trata-se de John Coffey (Duncan), um gigante com modos suaves condenado à cadeira elétrica pela morte de duas garotas. Sua presença traz uma energia perturbadora para o lugar.
A contradição gritante entre o tamanho e a personalidade do detento intriga o chefe dos guardas, Paul Edgecombe. Ele não consegue acreditar que Coffey foi capaz de cometer os crimes bárbaros que lhe são atribuídos. Enquanto investiga, comprova que seu prisioneiro tem poderes especiais de curar e atrair os males do mundo.
A presença deste negro, que parece ter mais de 2 metros de altura, irá fazer com que o pequeno grupo de guardas passe a repensar suas vidas. Com a entrada de Coffey, À Espera de Um Milagre adota toques sobrenaturais e fantasiosos, com algumas incursões de efeitos especiais redundantes.
É através deste condenado que a trama, durante três horas, ganha o público. As inquietações e questionamentos sobre bem e mal, justiça e morte são bem conduzidas por Darabond.
Com o mesmo clima tenso da obra de King, o filme choca em alguns momentos por aterroziantes cenas de execução via cadeira elétrica. Apesar de mostrar três destas mortes, À Espera de um Milagre consegue agradar a maioria, não escondendo o moralismo e a previsibilidade de uma obra hollywoodiana.
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