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Hal Hartley poetiza vida sórdida em "As Confissões de Henry Fool"
Hal Hartley sempre tratou temas pesados de maneira irônica. Apesar disso, é com surpresa que assistimos a este filme satírico, poético, comovente e louco como As Confissões de Henry Fool.
O autêntico Simon Grim (James Urbaniak) é um gari com uma vidinha medíocre que sustenta uma mãe deprimida (Maria Porter) e a irmã ninfomaníaca (Parker Posey). Sua apatia frente à sórdida realidade que o cerca transforma-o num sujeito taciturno e anestesiado.
Sua vida é alterada no dia em que um estranho misterioso chamado Henry Fool (Thomas Jay Ryan) aparece para alugar o porão da família Grim.
Henry é espalhafatoso. Um fumante compulsivo viciado em cervejas que tem um ego colossal e gaba-se de ser um intelectual. Ele dedica sua vida à escrita de suas memórias, suas "Confisões", com o qual espera ser lançado ao mundo literário - isso se ele conseguir terminar seu livro.
É Henry quem propõe a Simon que este escreva suas memórias e angústias a fim de melhorar a alto estima do rapaz. O resultado é um livro de poemas que surpreende a todos e torna Simon famoso por todo o mundo, enquanto o livro de seu mentor é descoberto como um livro pretensioso e ruim.
Hartley utiliza um fundo épico em Henry Fool, apontando seu olhar irônico através de uma coleção de personagens secundários que incluem um jovem em busca de emoções (Kevin Corrigan) que se converte em assessor político; uma caixa de loja vietnamita e muda (Miho Nikaido) que começa a cantar depois de ler o livro de Simon; um mercenário editor de livros (Chuck Montgomery) que enxerga dólares (senão virtude literária) nos versos de Simon; um incrédulo religioso (Nicholas Hope) que ajuda Simon a conseguir um contrato para seu libro; e até a presença bufona de Camille Paglia.
Thomas Jay Ryan (em sua estréia no cinema) é uma revelação no papel de Henry Fool, ao lado de James Urbaniak, que realiza uma impressionante atuação no papel do calado Simon.
(Redação Terra)
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