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"Fogo Sagrado!" traz limite da paixão entre o sagrado e o profano
Fogo Sagrado! (Holly Smoke)
traz mais uma produção da neozelandesa Jane Campion. Depois do sucesso O Piano, a diretora volta a retratar o universo feminino, mas desta vez, deixa a repressão sexual do passado e avança sobre a nova posição de poder e prazer da mulher moderna.
Kate Winslet, depois de Titanic, volta às telas como Ruth Barron, uma jovem autraliana que parte para a Índia em busca de aventuras e emoções verdadeiras. Lá, ela encontra a felicidade num culto religioso, liderado por um mestre conhecido por Baba.
Enquanto ela encontra-se espiritualmente, sua família, desesperada, tenta encontrar alguma maneira de trazê-la de volta para casa.
Sua mãe Miriam parte para a Índia e volta com a filha, que ainda está completamente deslumbrada por suas experiências místicas.
Neste período entra em cena Harvey Keitel no papel de um "desprogramador religioso". PJ Waters foi contratado pela família de Ruth para fazê-la voltar à normalidade.
O tratamento psiquiátrico para que ela esqueça o guru indiano consiste em que eles passem três dias numa casa no meio do deserto. Para PJ, tudo pode ser resolvido em três pequenos passos.
Mas, dois dias depois, ocorre uma inversão de poderes, e o campo de batalha entre os dois muda da religião para o sexo. A tensão sexual aumenta, e o profissional espiritual se vê perdendo suas convicções ao apaixonar-se perdidamente por seu anjo vingador.
A tensão psicológica entre Ruth e PJ cresce, e uma força intensa, limiar entre o sacro e o profano chega ao topo, sendo difícil concluir quem está manipulando e quem está sendo manipulado.
O relacionamento entre um homem mais velho e uma jovem é levado às últimas consequências. É no ambiente perturbado e sedutor do deserto, que os dois têm o raro prazer de viver todas as suas fantasias, descobrindo-se na mente e no coração.
Dois dos destaques do filme são a fotografia de Dion Beebe, e a trilha sonora jovial e bem sacada executada por Angelo Badalamenti, o guru musical das investidas exóticas e bizarras de David Lynch.(Luciana Rocha)
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