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"O Furacão" apresenta episódio contra o racismo americano
Denzel Washington (Tempo de Glória, Malcom X) é o grande intérprete de Rubin "Hurricane" Carter. A história do campeão dos pesos-médios é apenas um episódio do inacabado combate contra as violações racistas já vivenciadas nos Estados Unidos.
Em 17 de junho de 1966 foram assassinados dois homens e uma mulher num assalto a um bar de Paterson, Nova Jersey. Poucos meses depois são indiciados com duvidosas acusações e condenados à cadeia perpétua Rubin Carter e um fã seu, John Artis (Garland Whitt), que até então haviam sido interrogados como testemunhas.
Para Carter, mais "técnico" do que "lutador" no ringue, a estada na prisão se converterá numa luta pela sobrevivência.
Como em todas as coisas importantes da vida, e inclusive no boxe, o combate o definirá O Furacão com a cabeça e não só com as mãos.
Carter, cujo caso ganhou fama internacional graças à balada "Hurricane" de Bob Dylan, perdeu vários recursos contra sua condenação, mas persistiu em sua alegação de que era vítima inocente de uma conspiração racista promovida por um policial, Della Pesca (Dan Hedaya), que o havia enviado ao reformatório quando tinha 11 anos.
De nada lhe valeu naquele momento o relato autobiográfico que publicou sobre seu caso, intitulado "O 16º assalto".
Desanimado, Carter se isolou ainda mais de sua família e amigos e inclusive se divorciou de sua esposa, Mae Thelma (Debbi Morgan), a quem exigiu que não o visitasse mais.
Anos depois recebeu uma carta de um jovem, Lesra Martin (Vicellous Reon Shannon), de Toronto (Canadá), nascido também num gueto negro, que tinha lido seu livro e estava convencido de sua inocência.
Lesra conseguiu persuadir três amigos, Terry (John Hannah), Lisa (Deborah Kara Unger) e Sam (Liev Schreiber), que o haviam acolhido em sua casa, para que empreendessem uma campanha a favor da liberdade de Carter.
A luta foi muito longa e não isenta de obstáculos e riscos. Em 146 agilíssimos minutos, O Furacão conjuga com grande acerto artístico a história de um esportista com o drama das cortes judiciais. Os ativistas de direitos humanos tinham que desmascarar policiais corruptos e racistas de Paterson, e finalmente o conseguiram: só que no final da década de 1980.
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