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Werner Herzog destila alma insana de Klaus Kinsky em "Meu Melhor Inimigo"
Surpresa e estranhamento surgem frente a um ator enigmático como Klaus Kinsky. Quando Werner Herzog começa seu discurso sobre aquele que foi um de seus mais significantes colaboradores no sistema da verdade cinematográfica, entorpecida de loucura, surge certo desentendimento e curiosidade sobre o tipo de relacionamento entre os dois.
Verdade e documento são expostos aos olhos quando começamos a compreender o que é Meu Melhor Inimigo. Loucura e idolatria à interpretação são os grandes temperos deste documentário que nos leva a entender a relação tempestuosa de amor e ódio existente entre o diretor Werner Herzog e o ator alemão Klaus Kinsky.
Se profissionalmente os dois cultuavam-se e odiavam-se (chegando ao ponto de jurarem morte um ao outro), pessoalmente algo muito forte os unia, gerando uma paixão quase obsessiva.
Herzog começa seu filme na casa onde conheceu Kinsky anos antes, quando ainda era uma pensão. Ele conta como foi seu primeiro contato com o ator e sobre seu temperamento explosivo. Em um ataque de raiva, Kinski isolou-se por 48 horas no banheiro, destruindo todos os móveis da casa. Era apenas um de seus acessos de fúria.
Assim, Herzog sabia o que o esperava quando, alguns anos mais tarde, chamou Kinski para trabalhar em Aguirre, A Cólera dos Deuses. Outros quatro filmes marcaram definitivamente a parceria entre eles: Nosferatu - O Vampiro da Noite, Woyzeck, Fitzcarraldo e Cobra Verde.
Meu Melhor Inimigo é uma declaração de carinho e admiração pelo amigo, assim como uma libertação de Herzog quanto ao seu ódio e obsessão, mostrando o tenso e produtivo processo de criação desta dupla de gênios. O filme é imperdível para os amantes do cinema e da atuação. Um dos grandes documentários dos últimos tempos. (Redação Terra)
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