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Uma
lição de simplicidade
Qualquer
situação, por mais simples que seja, pode gerar um filme.
O Jarro, filme do cineasta iraniano Ebrahim Foruzesh, é
a prova disso.
A simplicidade
pode resultar num trabalho magnífico
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Um jarro
de água que serve para as crianças de uma escola no meio
do deserto matarem a sede trinca, e a rachadura
deve ser consertada.
Boa surpresa
oriental
O
cinema iraniano é a melhor descoberta dos críticos ocidentais
do cinema atual.
O diretor Ebrahim Foruzesh, é também o autor do roteiro
do filme e dirigiu, por 18 anos, o Instituto para o Desenvolvimento Intelectual
de Crianças e Jovens, algo que a narrativa deixa transparecer.
Como Mohsen
Makhmalbaf (de Gabbeh) e Jafar Panahi (de O Balão Branco),
todos os realizadores do Irã devem muito ao caminho aberto por
Abbas Kiarostami, que projetou o cinema iraniano
no circuito internacional com seus filmes sobre crianças,
Onde Fica a Casa do Meu Amigo e E a Vida Continua.
Todos esses
cineastas, dentro dos limites impostos pelo islamismo,
recuperaram formas cinematográficas primitivas, adequadas ao orçamento
das produções possíveis no país.
Reconhecimento
internacional
Premiado
com o Leopardo de Ouro do Festival de Cinema
de Locarno (Suíça), em 1994, e com o prêmio do júri
da 18ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,
O Jarro é, por seu tema e forma, o mais bressoniano dos
filmes aqui chegados do Irã.
A luz forte
do deserto, o miserabilismo das condições de vida das famílias
a que pertencem as crianças da escola e a sutileza com que os sentimentos
são expostos conduzem ao ascetismo do
cinema de Robert Bresson, realizador francês conhecido como o cineasta
da alma. Sem pieguice e com a dureza que o tema exige, Foruzesh
faz de O Jarro uma aula de cinema. (Agência
RBS)
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