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Bressane transpõe
o mito de "São Jerônimo" para o sertão brasileiro
São Jerônimo é lento, denso e perturba. O vento sempre nos ouvidos causa um certo estranhamento. As imagens luminosas e ocres do sertão brasileiro deixam aos pensamentos muitas perguntas.
Do que fala? O que diz? Será mesmo a dúvida de um indivíduo absolutamente cristão, ou de um homem frente aos questionamentos mais perturbadores da vida?
Em seu 28º longa-metragem, Júlio Bressane percorre os caminhos
da fé e da abnegação com São Jerônimo. Erudito
da Igreja Católica no século 4º, o santo foi imortalizado como o criador da Vulgata, a Bíblia latina.
O filme se inicia com uma encenação do famoso Sonho de São
Jerônimo. Diante de um tribunal, esse amante dos clássicos deve escolher entre a conversão ao Cristianismo e ao estudo das
escrituras, ou continuar a seguir a filosofia de Cícero.
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Bressane debruçou-se durante 11 anos sobre sua vida e obra a fim
de recuperar o santo como figura central do imaginário e
da linguagem do Ocidente. O filme transpõe para o sertão
brasileiro a mitologia envolvendo a vivência de Jerônimo no deserto.
Espaço de meditação e penitência, foi o refúgio onde o monge preparou o espírito para sua
grande tarefa.
Jerônimo (Everaldo Pontes) conhece Gregório (Balduíno
Léllis), que ensina e recolher, copiar e traduzir os textos sagrados.
O trabalho o leva a Roma e a um posto de consultor do Papa Dâmaso
(o diretor teatral Hamilton Vaz Pereira). Com a morte de Dâmaso,
o monge retorna ao deserto com a missão de criar a Vulgata,
monumental tradução dos textos sagrados que iria influenciar
todas as versões em línguas românicas das escrituras,
além de toda a literatura ocidental.
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