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"Magnólia" surpreende de ponta a ponta
Logo na sequência inicial percebe-se que Magnólia não será um filme qualquer. Com um toque de humor negro, três casos de assassinato são narrados em off para explicar que as casualidades acontecem, por mais absurdas (ou engraçadas) que pareçam ser.
Depois, uma série de histórias e personagens que aparentemente não têm nada em comum começam a desfilar seus dramas. Enfim, um começo pra lá de confuso.
Mas aos poucos o filme - que levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano - se revela. As seis histórias que se entrelaçam ocorrem no mesmo bairro de Los Angeles, numa rua chamada Magnólia.
Tom Cruise, premiado com o Globo de Ouro de melhor ator, é Frank, um guru do sexo. Ele comanda bizarras palestras sobre como dominar a "xoxota". Em uma interpretação que ultrapassa o papel de galã, Cruise mostra que ainda vai dar trabalho em Hollywood.
Julianne Moore, outro destaque de um elenco estrelado, vive uma dondoca que se casou com um produtor de TV milionário só por interesse. Ao descobrir que ele tem câncer e está à beira da morte, fica arrependida e com vontade de se matar.
A trajetória dos demais personagens não é menos dramática. Na maioria dos universos, a presença paterna e a morte são duas constantes. A figura do pai é fundamental e, ao mesmo tempo, o estopim para os acontecimentos na vida dos filhos. Todos têm um problema que parece não ter solução.
Mas é nos 20 minutos finais que Magnólia surpreende. O diretor - o ótimo Paul Thomas Anderson, de Boogie Nights, que transforma a câmera quase num olho clínico - abre mão do drama e viaja para o fantástico.
Depois de se familiarizar com a história e com os dramas de cada um dos personagens, o espectador é pego de surpresa. Algo de surreal acontece (será que eu dormi e perdi alguma coisa?, todos vão se perguntar) e tem-se a impressão de que o filme vai dar em nada.
Ainda assim, Paul Thomas Anderson consegue retomar o fio da meada e fazer o público sair da sessão como se tivesse tomado um soco na cara. (Tatiana Rezende)
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