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DeNiro
volta em "Homens de Honra"
Promessas de filho
para pai, persistência, honra e glória. Temas recorrentes na literatura
e no cinema. De tempos em tempos, porém, alguém requenta os velhos clichês
de maneira eficiente, já que uma lição de vida não faz mal a ninguém.
Baseado na história real de Carl Brashear, Homens de Honra (Men
of Honor) mostra o velho embate entre o recruta e o oficial na marinha,
mas fica degraus acima de seus similares, em boa parte graças às interpretações
na medida de Robert DeNiro e Cuba Gooding Jr.
Situada
nos anos 40, a história mostra as esperanças de Carl (Gooding), filho
de um lavrador humilde, em ser alguém na marinha. Porém, ao chegar no
navio, descobre que os negros são recrutados somente para trabalhar na
cozinha do navio. Banhos de mar, para os oficiais "de cor",
somente às segundas-feiras. Eis que Carl, um belo dia, resolve tomar banho
fora do horário determinado e mostrar aos superiores seus dotes como nadador.
Após ser preso, consegue, com a ajuda do capitão Pullman (Powers Boothe),
uma vaga como marinheiro salva-vidas.
Seu
sonho, porém, é ser mergulhador na marinha. Após dois anos de tentativas,
consegue chegar à obscura escola de mergulho, comandada por Leslie Sunday
(DeNiro). Lá, seguem-se as cenas de praxe, entre elas a que todos os outros
recrutas deixam o alojamento no momento em que Carl entra. Claro que sobra
para ele um amigo, o tímido e gago Snowhill (Michael Rapaport). Não há
dúvida que o filme mostra Carl como a pessoa mais perfeita e determinada
do mundo, além do melhor mergulhador que a marinha americana já teve.
Uma curiosidade no elenco é a presença de Charlize Theron (O Advogado
do Diabo), uma das jovens atrizes de
maior prestígio no cinema atual. Charlize tem uma pequena participação,
como a jovem esposa de Robert DeNiro. Mas suas cenas não são lá essas
coisas.
Nunca se sabe, em filmes baseados em história real, o quanto há de verdade.
Mas o preconceito não é atenuado pelo diretor George Tillman Jr., que,
aliás, também é negro. Este é o segundo filme do cineasta, que estreou
com o igualmente melodramático Sempre aos Domingos (Soul Food),
que enfoca a tradição do almoço dominical de uma família afro-americana.
Apesar
de "formulaico" e longo demais, o roteiro acerta em cheio no
desfecho, que, claro, ocorre em um tribunal militar. Após perder uma perna
em uma acidente, Carl é obrigado a andar com uma roupa de mergulho com
mais de 100 quilos para provar que ainda é capaz de continuar na profissão.
E você pensava que sua vida era um calvário... (Investnews
- Gazeta Mercantil)
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