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Sharon Stone é "A Musa" em novo filme de Albert Brooks
Pode não ser realmente bom, mas é agradável e divertido. Mais do que isso - inteligente na sua crítica aos bastidores de Hollywood. A Musa é escrito, dirigido e interpretado por Albert Brooks. Talvez pela multiplicidade de talentos ou pela origem judaica ou pela crítica ao american way of life, visto do ângulo da intelectualidade, Brooks já foi diversas vezes comparado a Woody Allen. Não é para tanto, mas há que ver A Musa.
Ela é Sharon Stone, que demora um pouco para aparecer. Pelo menos uns 15 dos 100 minutos do filme não contam com a luminosa presença da atriz. Esse começo trata basicamente do desmonte da personalidade do personagem interpretado pelo próprio Brooks (que, além dos filmes dele mesmo, já foi ator de Nos Bastidores da Notícia, de James L. Brooks). Brooks faz um roteirista. Na primeira cena, está recebendo um prêmio humanitário. Antes de dormir, a filha lhe pergunta - o que é humanitário? Ele responde - é uma consolação para quem nunca recebeu o Oscar.
Essa festa inicial é só uma aparência. No momento seguinte, o herói está sendo desalojado do seu escritório nos estúdios da Paramount e ainda tem de ouvir do coordenador de área que seus roteiros andam muito ruins. Brooks desestrutura-se convencido de que perdeu a inspiração. Vai pedir consolo ao amigo Jeff Bridges. É quando Sharon entra em cena. Brooks chega na casa do amigo e ela está se despedindo. O outro faz mistério. Termina por confessar que é uma musa.
Musa - uma das filhas de Zeus, inspiradora das artes. Por meio da musa, Bridges assegura, Brooks vai reencontrar a inspiração. Mas uma musa custa caro, principalmente em Hollywood. Sharon exige ser instalada num hotel de luxo, quer mimos, presentes, comidas caras, chama Brooks a qualquer hora do dia e da noite, criando problemas para ele com a mulher - a linda Andie McDowell. A coisa vai crescendo. Além das piadinhas sobre filmes e personagens do cinemão, há um desfile de verdadeiras celebridades.
James Cameron vai bater na porta da musa perguntando se deve fazer uma seqüência (de Titanic, claro). A musa diz que ele tem de se manter afastado da água. "No water", ele sai repetindo. Martin Scorsese, Rob Reiner, todos vêm bater na porta da musa, que a essa altura já deixou o hotel e instalou-se na casa de Brooks, não sem antes transformar a mulher dele (Andie) numa empresária bem-sucedida.
A musa é falsa e, por meio dela, Brooks satiriza tudo - as engrenagens da indústria, a mania dos gurus. Não é uma crítica devastadora, mas amena e divertida. Faria rir o próprio Kubrick. Sharon, mais que musa, é deusa. Com ela o filme fica melhor.
(Luiz Carlos Merten/ Agência Estado)
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