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Zeffirelli toma chá com Mussolini
O clima quente e inspirado da Itália chega às telas em mais uma produção. Depois do ar mediterrâneo de O Talentoso Ripley, a bela e histórica Florença vira cenário de Chá com Mussolini, de Franco Zeffirelli (O Campeão, Romeu e Julieta).
A produção é baseada em recordações autobiográficas do diretor, cujo episódio releva partes de sua infância e adolescência. O elo entre a realidade vivida pelo autor e os fatos históricos relacionados ao fascimo é o garoto italiano que, não assumido por seu pai, passa a ser criado por senhoras inglesas que vivem em Florença.
O diretor relata o período de 1935 a 1944, através da vida destas senhoras, desde a época em que gastam suas tardes em calmas casas de chá, até o momento em que passam a ser detidas como inimigas políticas pela ascensão do fascismo.
Conhecidas como as " scorpioni" pela comunidade local, elas passam a cuidar do garoto, aproximando-o das artes e da língua inglesa. Enquanto as inglesas retratam o grupo clássico, os avanços e inovações ficam por conta das americanas representadas por duas mulheres que destoam do grupo britânico formado pela viúva de um diplomata (Maggie Smith), uma secretária bilíngue (Joan Plowright), e a insuperável Judy Dench, como uma artista.
Entre as americanas estão Lily Tomlin como uma arqueóloga lésbica e uma ricaça viúva negra, colecionadora de amantes e arte, interpretada por Cher.
O título do filme refere-se a um rápido momento do roteiro. Enquanto começa a ferver o fascismo, a viúva do diplomata vai até Mussolini pedir proteção ao grupo de inglesas.
É aí que o Duce, tomando chá com as senhoras, garante-lhes segurança, para mais tarde declarar guerra contra a Inglaterra.
Depois de algum tempo, inglesas e americans vêem-se fora de proteção e, na mesma desgraça de prisioneiras. É aí que retorna à cena o garoto criado pelas senhoras. Já crescido, ele se engaja na resistência, ajudando as senhoras e outros afetados pelo regime fascista.
É neste conturbado cenário que Zeffirelli mistura fatos ilusórios, como seu engajamento político, a fatos reais, como os retratos da guerra. Dentro de um contexto tão inusitado, o diretor encontra espaço para romances, dramas açucarados e lições de vida, além de um inusitado ponto de vista sobre a guerra.
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