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Charles Aznavour sofre
com criminosos em "Atirem no Pianista"
Músico se envolve com gangsters |
Segundo longa-metragem
de François Truffaut (1932 – 1984), Atirem no Pianista
(Tirez sur le Pianiste) dá início ao percurso que o cineasta francês
de Os Incompreendidos empreenderia
pela obra de escritores de novelas policiais da série negra norte-americana
que ele tanto amava. O filme está em cartaz no Espaço Unibanco
– Sala Norberto Lubisco, em Porto Alegre, encerrando a primeira temporada
do projeto Estação de Clássicos.
Aqui Truffaut utiliza um dos mais conhecidos romances
de David Goodis como base para um filme policial que faz uma espécie de
homenagem aos filmes hollywoodianos do gênero, produções de segunda linha,
os chamados filmes B da produção dos grandes estúdios. Essa
trajetória seria seguida ao longo da carreira de Truffaut com a adaptação
de obras de autores como Cornell Woolrich/William Irish (A Noiva Estava
de Preto, A Sereia do Mississipi), Henry Farrell (Uma Jovem tão Bela Como
Eu) e Charles Williams (De Repente num Domingo), seu último filme.
Charles Aznavour, um dos grandes cantores franceses de todos os tempos,
é o protagonista de Atirem no Pianista.
Ele vive o papel de um virtuoso do paino que, depois da morte da mulher,
entra em depressão. Torna-se pianista de um bar. Lá ele conhece uma garota
que namora o dono do bar, a quem o pianista mata durante uma cena de ciúmes.
Em companhia da garota, ele se refugia na casa de seu irmão que, por sua
vez, é perseguido por dois gângsteres.
Para contar essa história, Truffaut faz um policial com uma batida diferente
daqueles da série negra que ele admirava. Ou dos similares franceses do
gênero assinados por Alex Joffé ou Ralph Habib. O tom descontraído da
narrativa de Truffaut não exclui o suspense, mas privilegia o lado humano
do drama de cada um dos personagens.
Além de Aznavour, o elenco de Atirem no
Pianista inclui alguns rostos conhecidos dos primeiros anos
da nouvelle vague e do cinema francês da época. Entre as estrelas, Marie
Dubois, Nicole Berger e Michèle Mércier, que depois interpretaria os famosos
filmes da série Angélica, a Marquesa dos Anjos. À sua maneira, Truffaut
acrescenta alguns inesperados toques de humor à narrativa, sendo sempre
citados dois deles. Em um desses momentos, um gângster diz a seu parceiro
que sua mãe morreria se ele estivesse mentindo. No plano seguinte, uma
velha cai morta no chão. Em outra cena, o cantor Bobby Lapointe interpreta
a canção francesa Avanie et Framboise, com legendas em francês.(Tuio Becker/Zero Hora/Agência RBS)
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