Obra-prima
de Kurosawa é reprisada
Lançado em 1991,
Rapsódia em Agosto foi um trabalho de Akira Kurosawa que acabou
servindo como reconciliador entre o cineasta e o público e crítica
japoneses.
Filme trata do
terror nuclear |
Kurosawa toca em uma
ferida antiga: o trauma intransponível
do ataque nuclear norte-americano às cidades de Nagasaki e Hiroshima,
em agosto de 1945.
O diretor apresenta
uma reflexão sobre o choque entre o presente e o passado, representado
por uma sobrevivente de Nagasaki,
que é convidada por parentes americanos a fazer uma viagem ao Havaí.
Enquanto ela vê
o convite como uma recordação de toda
a desgraça que viu e passou, seus netos ficam eufóricos.
Como acontece aqui no Brasil também, os garotos se "fantasiam"
com roupas dos EUA, só querem saber da cultura americana, entre
outras coisas.
Para mostrar seu repúdio
pela violência inata do ser humano, Kurosawa abusa das metáforas.
Rapsódia em Agosto, sem a menor dúvida, é
um dos filmes mais sensíveis e tocantes sobre a Segunda Guerra.
Adeus ao mestre
No dia seis de setembro
de 98, o cinema perdeu um de seus maiores mestres: Akira Kurosawa nos
deixou imagens de beleza e densidade raras.
Rapsódia de
Agosto faz parte da última fase do cineasta, que, a partir de Dersu
Uzala (1975) precisou de dinheiro estrangeiro para viabilizar seus
projetos.
Consagrado no exterior,
ele não era mais visto com respeito entre os produtores de seu próprio
país. Vítima do ressentimento do Japão em relação ao Ocidente, vigente
desde o fim da Segunda Guerra, ele era o que se chamava de cineasta de
exportação.
|