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Problemas de relacionamento dominam "Os Cinco Sentidos"



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Durante dois anos o diretor canadense Jeremy Podeswa excursionou pelo mundo, enquanto seu filme Eclipse participava de diversos festivais internacionais. A experiência mudou a vida do cineasta. Conhecendo novas pessoas a todo momento, ele começou a reavaliar sua visão do que sejam os relacionamentos. Começou a gestar, assim, o filme Os Cinco Sentidos.

Um filme com esse título só pode tratar do tato, paladar audição, olfato e visão. Um homem está perdendo a audição, uma mulher é massagista e vive de trabalhar com as mãos, outro avalia a visão das outras pessoas. É assim que os sentidos vão sendo revelados e integrados à trama. Essa gira basicamente do processo que une diversos personagens em torno do desaparecimento de uma criança.

Logo no começo, a massagista acolhe em seu escritório uma mulher com a filha pequena. A filha da própria massagista leva a garota ao parque. Distrai-se. Na verdade, é uma voyeuse que segue um casal que se embrenha no mato para ter relações íntimas. Um estranho, um rapaz, a surpreende. Quando ela volta à praça, a criança sumiu. Começa a busca, que envolve a polícia e os personagens que moram ou trabalham em frente do parque, todos imersos em seus dramas pessoais.

Podeswa é obcecado por revelar o que os olhos não vêem. Interessa-lhe a verdade por trás da aparência. Eclipse causou sensação no Festival de Berlim de 1995 ao mostrar os efeitos de um eclipse sobre as vidas de diversas pessoas que terminam revelando o lado mais sombrio de suas personalidades. Esse lado escuro é novamente o que impulsiona o diretor em Os Cinco Sentidos.

Um gay que trabalha como faxineiro e tem verdadeira obsessão por cheiros, identifica no casal em cuja casa trabalha o que lhe parece ser um ideal inatingível de felicidade. Surpreende-se ao descobrir o interesse do marido por ele e vai para a cama com marido e mulher. O efeito que lhe produz a satisfação da fantasia é ambíguo, cabendo ao espectador decidir se ele se sente mais feliz ou, pelo contrário, mais vazio por isso. Esse personagem tem uma amiga doceira, que ganha a vida fazendo bolos artísticos. Ela teve um affair durante uma viagem recente à Itália. O amante italiano atravessa o Atlântico e instala-se em sua casa. Ela teme estar sendo usada. Acha que ele só quer um visto de permanência no país. Tudo o que o italiano faz é malcompreendido.

São algumas das tramas. Outra é a da massagista que tem dificuldade para se relacionar com a filha, justamente a garota que se sente responsável - por sua "perversão" - pelo desaparecimento no parque. E não se pode esquecer do surdo que quer registrar os sons numa espécie de arquivo na memória. Esse tem uma revelação, numa cena muito delicada com uma prostituta. Num texto do próprio punho, Podeswa afirma que sempre pensou em Os Cinco Sentidos como "um filme que trata das dificuldades com que nos deparamos quando nos aventuramos para fora de nós mesmos e nos empenhamos em estabelecer relações profundas com outras pessoas; essa passagem da solidão para a intimidade compartilhada é cheia de riscos e medos."

É disso que trata Os Cinco Sentidos. Podeswa sabe que o modo como encaramos essa viagem essencial em relação ao outro - já que é difícil, senão impossível, ser feliz sozinho -, diz muito sobre quem somos e como vemos o mundo. Ele diz que é uma questão de escolha. "Podemos permitir que a dificuldade de se abrir para o outro nos destrua ou nos torne cínicos ou, então podemos olhar para o futuro com esperança."

Para Podeswa, o conceito do filme é evitar o cinismo. É deixar-se guiar pelo coração e não pela cabeça, é sobre a primazia da intuição sobre a razão ou, mais simplesmente, sobre a fé no amor e na vida. Alguns dos personagens abrem-se para o outro, enfrentam seus medos e abraçam a chance de felicidade, com todo o risco que ela comporta. Outros a rejeitam, com medo de sair da casca. "Os sentidos são elementares e, ao nos pôr em contato com o mundo, nos conectam com os demais", diz o diretor.

Sensível, com muitos momentos delicados e interpretações convincentes de quase todo o elenco, "Os Cinco Sentidos" é um bom filme. Seu problema, como diriam os americanos, é ser muito self conscient. Podeswa quer fazer um comentário sobre o homem contemporâneo, na sociedade atual. Compõe o que não deixa de ser às vezes, um teorema para provar sua tese.





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OS CINCO SENTIDOS

Título Original: The Five Senses
País de Origem:
Canadá
Ano: 1999
Duração: 105 minutos
Diretor: Jeremy Podeswa
Elenco: Mary-Louise Parker, Pascale Bussières, Richard Clarkin, Brendan Fletcher, Marco Leonardi, Nadia Litz










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