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Studio 54
mostra hedonismo dos anos 70
Muito se ouviu falar
da lendária "mãe de todas as discotecas", a novaiorquina Studio 54. O
filme Studio 54, do estreante atrás das câmeras Mark Cristopher,
tenta mostrar o que foi a famosa discoteca, que
personificou toda uma era de hedonismo, liberdade sexual pré-Aids e
experiências das mais variadas no campo das drogas.
A discoteca era simplesmente um teatro da vida real, teatro
este onde o diretor era o interessantíssimo personagem da noite Steve
Rubell, o homem que definiu de uma vez por todas a política de porta nas
discotecas. Rubell passava metade da noite na porta de seu clube, apontando
quem deveria entrar e quem não deveria, através de critérios que não
consideravam especificamente que uma celebridade, seja ela qual fosse,
deveria entrar. Na verdade muitas foram preteridas a favor de mais interessantes
anônimos.
Salma
Hayek integra um elenco que inclui Ryan Philippe (Eu Sei o que Vocês
Fizeram no Verão Passado), Neve Campbell (Pânico) e
Mike Myers (Austin Powers)
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Rubell reinou em seu
templo hedonista de 1976 a 1980, quando foi preso
por burlar o fisco e por envolvimento com tráfico de drogas.
O Studio 54 até hoje está de pé, no mesmo lugar, na Rua 54, em Manhattan.
Até o ano passado o lugar era utilizado para festas e eventos particulares
como festas das diversas rádios que existem atualmente na América, dedicadas
especificamente ao revival da música disco. No momento o lugar é o teatro
onde é exibida a peça Cabaret.
O Studio 54 ficou aberto para o público até 1986 e Steve Rubell morreu
em 1989, de Aids. Existe um movimento, inclusive
com presença na Internet, para reabrir a discoteca. O filme
mostra a eterna festa que era a vida de Rubell, e coloca alguns personagens
ficcionais, como Shane, interpretado pelo bonitinho Ryan Philippe, ídolo
teen dos recentes filmes de horror americanos.
Shane consegue empregar-se no Studio 54, após encantar Rubell com seus
dotes físicos. Lá ele conhece a cantora Anita (Salma Hayek), esposa de
Greg, também assistente de barman e os três tornam-se grandes amigos.
O filme mostra tudo o que se passava na discoteca,
do sexo explícito e muitas vezes grupal nas arquibancadas, à indiscriminação
das drogas, em particular a cocaína.
Mike
Myers está particularmente bem como Steve Rubell, encarnando a displicência,
o escracho, a depravação e o caráter mundano do impetuoso rei da noite
novaiorquina dos anos 70. O filme mostra todos estes elementos, mas concentra-se
mais na história do personagem Shane. Discutível a escalação da insossa
Neve Campbell, que nada tem a ver com uma "disco queen".
A trilha não é das melhores, ao contrário da trilha de Last Days of
Disco, outro filme recente sobre a era da discoteca. Faltou entrar
mais a fundo no assunto "noite", um assunto nebuloso, interessante
e pouco explorado no cinema. O que levava as pessoas
a se soltarem de tal maneira nas discotecas da época? Faltou
mais sobre o período onde mais se usufruiu da liberação sexual, quando
não se sabia ainda do flagelo da Aids.
Rumores existem sobre cortes e mudanças significativas no roteiro, feitas
pelos produtores da Miramax, a mando da afiliada mor, a Disney Company.
De qualquer forma o filme é diversão garantida, com trilha sonora disco,
para que espectadores saiam do cinema com vontade de dançar. Como já dizia
a diva disco Donna Summer: "Let's dance!".
(Beth Ferreira)
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