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Oswaldo Caldeira
expõe sua visão de Tiradentes
Mergulhado em uma intensa
pesquisa sobre Joaquim José da Silva Xavier para a defesa de sua
tese de doutorado na Escola de Comunicação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, o cineasta Oswaldo
Caldeira deparou-se com um Tiradentes sem rosto. Descobriu que não
havia registros que o identificassem, mas um onipresente estereótipo
de mártir da Inconfidência. A tese rendeu o projeto
de Tiradentes, com apoio da Riofilme e da NUCINE - Núcleo de Cinema
da ECO/UFRJ, além de dois livros. Um abrange o "making of" e o
outro revela o roteiro, comentários e fontes de pesquisa.
Identificado
como o mentor da Inconfidência Mineira (1789),
um dos mais importantes movimentos históricos do Brasil, o dentista
auto-didata foi enforcado em 1792 e seus companheiros conspiradores foram
condenados ao degredo, o que contribuiu para consolidar uma figura santificada
e trágica. Para questionar e derrubar essa visão, Oswaldo
Caldeira apresenta um Tiradentes aventureiro, visionário e um tanto
ingênuo, apaixonado por causas justas e mulheres bonitas,
um traço de semelhança com um dos personagens fascinantes
de Caldeira, o louco de O Grande Mentecapto.
O filme realiza uma colagem de citações
literárias e fatos que recuperam o caráter humano de personagens
fossilizados nos livros de história, como o delator
dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis (Rodolfo Botino),
o poeta Tomás Antônio Gonzaga, imortalizado pelos versos
feitos a sua amada Dorotéia em Marília de Dirceu,
e Cláudio Manoel da Costa (Emiliano Queiroz), um dos articuladores
do movimento que sonhou com um Brasil diferente.
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