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"Trem da Vida" ironiza período cruel em busca de uma fantasia confortante
Há muitos que não aguentam mais produções dramáticas sobre os horrores do Holocausto. Trem da Vida trata sobre o tema, mas o enfoque é bem diferente do conhecido.
Tudo começa quando, em 1941, um vilarejo na Europa Oriental é ameaçado pela presença dos nazistas. Scholomo, o bobo da aldeia, é quem chega com a notícia de que o exército alemão está deportando e separando os judeus de seus familiares.
É com desespero e temor que o povo da pequena vila resolve colocar em prática a única idéia viável, sugerida pelo próprio Scholomo. Eles irão forjar um trem nazista, num faz de conta em que os próprios judeus serão militares, maquinistas e prisioneiros.
A nova ação começa a ser feita às pressas e, antes da chegada do verdadeiro grupo nazista, os moradores partem com destino à "terra prometida", no caso, a Palestina, mas para isso, terão de ir primeiro à Rússia.
De maneira leve e humorada, quase onírica, os personagens embarcam nesta aventura, praticando os papéis destinados e atendendo à seus personagens de maneira emocionante e tocante.
A paródia sobre a fuga disfarça os verdadeiros pesadelos de cada personagem. A maneira com que a produção é filmada evidencia os personagens em sua integridade, antes de serem devorados e abafados pelos nazistas.
A viagem caminha normalmente, mas as encenações começam a ficar mais realistas, e os personagens acabam assumindo seus papéis de nazistas, prisioneiros e até comunistas.
O filme recebeu o prêmio do público no Festival de Cinema de Sundance em 1999 e, no Brasil, venceu os prêmios de Melhor Filme eleito pela crítica e pelo público na 22ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Este é o segundo longa na carreira de Radu Mihaileanu. O diretor iniciou sua carreira no teatro, trabalhando como ator, diretor e dramaturgo. Foi quando mudou para Paris que Mihaileanu começou a realizar curtas, trabalhando como editor de filmes de Marco Ferreri, Fernando Trueba, entre outros. Seu primeiro longa-metragem, Trahir, foi realizado em 1993. (Luciana Rocha)
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