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Curta "Rota de Colisão" integra mostra paralela
O curta-metragem "Rota de Colisão", do diretor Roberval Duarte, é o quinto filme a representar o Brasil no Festival de Cannes. Ele foi convidado a integrar a "Quinzena de Realizadores", mostra paralela não competitiva do festival, mas que tradicionalmente reúne os melhores trabalhos do ano. "Para mim foi uma grata surpresa e tudo o que espero agora é que minha participação abra portas", comentou Duarte.
A idéia de inscrever o curta surgiu durante o Festival de Cinema de Brasília, em novembro. "A diretora da "Quinzena" Marie-Pierre Macia, estava em Brasília e gostou muito do trabalho", conta. Segundo Roberval Duarte, ela o procurou para sugerir que inscrevesse seu trabalho, mas ele quase não levou a idéia a sério, decidindo aceitar a poucos dias do encerramento do prazo de inscrições. "Fiz uma cópia e enviei a Cannes, mas para ser sincero, já tinha até esquecido e não imaginava que pudesse ser convidado".
Para ele, como a "Quinzena" não é competitiva, o simples convite já é um grande prêmio. "Alguns dos mais importantes realizadores de cinema estarão em Cannes e pode ser que algum tenha uma boa impressão do meu filme, a exemplo do que aconteceu com Marie-Pierre", anima-se.
Curta - Trata-se do primeiro trabalho do diretor. A idéia era fazer uma produção modesta, filmada em 16 milímetros. Mas já no roteiro, que Duarte começou a escrever em 1996, o curta deu mostras da sua sina de vencedor. "Fiz a inscrição no Concurso de Roteiros da Riofilme, em que o prêmio é a infra-estrutura para rodar o trabalho em 35 mm", conta. Ele foi um dos 12 vencedores, entre centenas de inscritos. O trabalho foi finalizado apenas em abril de 1999 e o diretor atribui a demora à dificuldade na hora da montagem.
"O resultado final se deve à trucagem, que foi complicada, e também à sonorização", conta Roberval Duarte. "Rota de Colisão" ganhou o prêmio de revelação no Festival Internacional de Curtas, que dá direito à infra-estrutura para a realização de um novo curta. Foi vencedor como melhor fotografia no Festival de Brasília e como melhor direção de curta-metragem no 2.º Festival de Cinema Independente de Buenos Aires. Ganhou também o Prêmio Aquisição da TV Cultura e agora o que ele considera a glória máxima, que é o convite para ir a Cannes.
Em preto-e-branco - "Rota de Colisão" não tem diálogos, passa-se no centro do Rio de Janeiro, foi rodado em preto-e-branco e tem 12 minutos de duração. Sua montagem ágil imprime um ritmo engenhoso na história em que se misturam um menino que ganha um torneio de bolas de gude, um operário e um ladrão com um saco de pedras preciosas que está sendo perseguido pela polícia. "Na verdade, a história é apenas um pretexto para discutir o tema da violência urbana", explica o diretor.
Formado pela escola de cinema da Universidade Federal Fluminense, Duarte, que tem 35 anos, já prepara as filmagens de seu segundo curta, graças ao prêmio que recebeu. Ele vai chamar-se "Asfixia" e contará a história de um casal de classe média que sofre uma tentativa de invasão a sua residência.
(Agência Estado)
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