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Walter Salles discute futuro do cinema com Win Wenders
Desde a calorosa acolhida de Central do Brasil na França, onde o filme foi visto por mais de 600 mil pessoas, o diretor Walter Salles é cultuado pela classe cinematográfica local. No ano passado, o diretor integrou o júri de curtas-metragens do Festival de Cannes e este ano voltou à Riviera Francesa para um evento paralelo.
Foi convidado para o debate Cinéma à Venir (o cinema do futuro), organizado em parceria com o jornal "Le Monde".
O evento, realizado hoje no Grand Salon do hotel Majestic, foi aberto com discurso de Catherine Tasca, ministra da Cultura e das Comunicações na França.
Usando um sisudo conjunto de calça e blusa vinho, que destoava da temperatura de quase 30 graus no balneário, a atriz francesa Isabelle Huppert foi a presidente do debate que reuniu cineastas, escritores e outros artistas por mais de três horas.
A tônica da discussão foi a influência econômica e tecnológica sobre a criação cinematográfica. Com um francês impecável, Salles se mostrou otimista em seu depoimento. "O que importa é que o cinema continue a levantar questões. Não faz diferença se o artista pintou um quadro usando lápis ou pincel. O que conta é o resultado."
Salles dividiu espaço com cineastas de prestígio, como o alemão Wim Wenders e o inglês Sam Mendes. Um resumo de seu discurso será publicado na edição do "Le Monde" da quinta-feira quando o jornal traz um caderno especial sobre o Festival de Cannes.
"O cinema é ainda mais necessário, como instrumento de formação, em países como o Brasil, onde a identidade nacional ainda não está completamente cristalizada'', disse o cineasta.
Em seu texto no jornal, ele ainda aborda temas como o cinema na Internet, a necessidade de fazer frente à produção hollywoodiana e até os 500 anos do Brasil, lembrando que durante o processo de colonização "homens vindos do Iluminismo europeu destruíram grande parte da nossa cultura."(Agência Estado)
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