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Festival de Gramado 98

Perdido na selva dos clichês

Depois de assistir a La Voz del Corazón, terça à noite, fica claro por que o inferno está cheio de cineastas bem-intencionados. O diretor Carlos Oteyza quis fazer um libelo ecológico e acabou batendo o recorde de clichês por fotograma quadrado.

O personagem principal, Tomás, se infiltra em uma empresa madeireira perdida no interior da Venezuela para recolher provas sobre a devastação da floresta. De quebra, sobra a denúncia sobre a contaminação por mercúrio dos rios da Amazônia.

O que incomoda é a sensação continuada de que as cenas que estão na tela já foram vistas (várias vezes) em outros filmes. No início, o passatempo é prever, com sucesso, o desfecho de cada seqüência. O eixo romântico de La Voz del Corazón completa-se com uma mulher basca, que mantém um programa de rádio tratando das mazelas dos habitantes da região.

Corre por conta dela uma das cenas antológicas do filme, quando ela tomba sobre o microfone dizendo que "está sempre no meio da ponte", incapaz de superar a morte do marido, um jornalista assassinado pelos "maus" quando estava fugindo para o Brasil trazendo as provas contra a mineradora e a madeireira.

Percebe-se um esforço elogiável de fugir do maniqueísmo. Tomás descobre que a organização ambientalista a que estava servindo não era tão santinha assim. Observa também que o mercúrio utilizado pela mineradora também era usado pelos garimpeiros "desamparados".

O patético entra em cena na figura do padre progressista. Ele faz a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores com um sotaque brasileiro constrangedor. Passada a primeira metade de La Voz del Corazón, o passatempo é outro – se resume a torcer para que o filme acabe logo. (Renato Mendonça, Agência RBS)

  

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