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Festival de Gramado 98

Tango com sabor de ciranda

Doble o Nada é demais. A première do filme argentino, terça-feira à tarde no Festival de Gramado, prova que, com um bom roteiro (de Oscar Plasencia e Raúl Brambilla) e a ajudinha de alguns sucessos de Carlos Gardel, pode-se garantir 98 minutos de puro prazer.

Renzo Frenchi (Darío Grandinetti) vive um obscuro cantor de tangos, sósia de Gardel tanto em imagem quanto na voz. Juanita (Aitana Sanchez-Gijón) gosta tanto de Gardel que acaba se apaixonando por Renzo.

O cantor se transforma em pastiche de Gardel pelo amor de Juanita. Sacrifica sua arte, sua capacidade de ser original, pelo amor de Juanita. Os dois acabarão brigando por isso: ela não sabe se casou com o mito ou com a cópia.

Carlos Gardel (Rodrigo Perena) aparece no filme, de robe e completamente perdido com o sucesso relâmpago de seu sósia. Emocionante e surpreendente, Doble o Nada só tem um porém: o título original, Seus Olhos se Fecharam e o Mundo Continua Andando, tirado de uma música de Gardel, é muito melhor que o escolhido.

Gardel recupera o prazer de cantar, mesmo sendo um artista desconhecido. Renzo teve bem mais de 15 minutos de fama ao cantar para as emocionadas platéias colombianas. Juanita termina com Gardel, como sempre quis. No final, mesmo, quem lucra é o público. (Renato Mendonça - Agência RBS)

  

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