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22ª
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Poesia percorre
A Eternidade e Um Dia
O
cinema denso e poético de Theo Angelopoulos, um dos grandes diretores
da década, faz sua aparição na 22ª Mostra Internacional
de Cinema nos dias 27, 29 e 30 com o A Eternidade e Um Dia, vencedor
tardio da Palma de Ouro em Cannes.
O
prêmio já devia estar na estante de Angelopoulos com o primoroso
Paisagem na Neblina, mas Cannes só concedeu um canhestro
Grand Prix, o prêmio do júri, para Um Olhar a Cada Dia
há três anos.
Com longos planos e reflexões sobre a infância, a passagem
do tempo e a fronteira, características das obras de Angelopoulos,
A Eternidade e Um Dia percorre as memórias do escritor Alexandre
(Bruno Ganz, de Asas do Desejo). Velho e doente, ele sente a proximidade
da morte ao ao abandonar a casa onde morou toda sua vida. A leitura de
uma carta deixada pela esposa (Isabelle Renauld), já falecida,
evoca os anos perdidos com a criação literária, iniciando
uma viagem onde passado e presente se confundem.
Alexandre passa a dirigir através das ruas da cidade de Thessalonika,
onde encontra um jovem refugiado albanês que vive da limpeza de
carros. A criança funciona como um catalizador das vivências
e desejos do escritor, como o filho que ele não teve, o poema não-acabado,
a infância que ressurge somente na memória esmaecida de um
encontro de família.
Angelopoulos chegou a sondar Marcelo Mastroianni para o papel de Alexandre,
um pouco antes de sua morte, em 1997. Encontrou o velho ator destruído
pela doença. Após uma rápida conversa, em que Mastroianni
se certificou de que o filme não era melancólico, Angelopoulos
o levou até um táxi, onde Mastroianni se despediu com um
aceno. Chovia muito, como em todos os seus filmes. (Cássia
Borsero)
Veja
dias e horários na Programação da 22ª Mostra
Internacional de Cinema.
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