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Festival
de Gramado 98
Um filme para quem crescer
O longa Plaza de Almas, exibido na noite de sábado, trouxe esperança ao público de Gramado, carente de filmes empolgantes na abertura do festival. Apesar algumas rebarbas melodramáticas, o argentino Fernando Díaz acertou o tom ao descrever o romance entre um artista plástico e uma atriz iniciante. Os dois personagens têm problemas com a família: ela quer esquecer a origem no interior da Argentina, ele quer esquecer a mãe que se transferiu para o Exterior depois da morte do marido. O filme, na verdade, é um instantâneo da transição para a fase adulta. O casal enfrenta o desafio de se afirmar profissionalmente, tropeça numa gravidez indesejada e acaba se separando. A proposta “Vamos dar um tempo em nossa relação” (alguém conhece?) marca o fim do romance e o início de uma vida com menos sonhos e mais tolerância. O diretor argentino de 34 anos tensiona as cenas e sabe a hora certa de quebrá-las com um humor quase sempre cruel. O ponto culminante é
quando a atriz decide interpretar o principal monólogo de Hamlet. Ela
não gesticula, a emoção existe exclusivamente na voz e no rosto para ensinar
que “a consciência nos faz covardes”. Shakespeare se referia à morte,
Díaz se refere à vida. Um bom começo de festival.
(Eduardo Veras
- Agência RBS)
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