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Festival
de Gramado 98
Socorro inspirou Central do Brasil
Gramado assiste nesta quarta ao mais festejado filme brasileiro do ano e ao curta-metragem que deu origem a ele. Central do Brasil e Socorro Nobre serão exibidos na programação paralela do 26º Festival de Gramado.
Na platéia, estará a ex-presidiária Maria do Socorro Nobre, 45 anos, de fala mansa e gestos delicados, que ainda não assistiu ao curta-metragem que leva seu nome no cinema. Já sabe que vai se emocionar: "Choro sempre. É um filme feito com alma, sobre o medo e a saudade", diz ela. No jardim do Hotel Serrano, abraçada ao menino Vinícius de Oliveira, o astro de Central do Brasil, ela recorda o Natal de 1992, que marcou uma reviravolta em sua vida. Maria do Socorro encontrou na prisão uma revista com a história do escultor Franz Krajcberg, judeu de origem polonesa radicado na Bahia, e achou que o sofrimento do artista (família exterminada na II Guerra Mundial, indigência no Brasil) se parecia com o dela. Ela decidiu escrever-lhe "uma carta simples em que eu dizia que as nossas vidas eram diferentes, mas ligadas pelas mesmas dores e pelos mesmos sonhos. Eu estava presa, mas os meus pensamentos, livres. Eu sonhava em criar galinhas e ter um cachorro igual ao dele. A diferença entre nós é que a minha derrota, eu própria havia provocado", explica Maria. O cineasta Walter Salles, amigo de Krajcberg, lera os depoimentos e queria transformá-los em cinema. Socorro, que nunca ouvira falar no sujeito, ficou cabreira, mas aceitou a proposta com a condição de que fosse "um filme bonito". Socorro Nobre
foi rodado no presídio de Salvador e provocou uma guinada na vida da personagem-título.
A "atriz" logo ficou amiga do escultor e do cineasta e tomou
um novo susto no dia em que Salles avisou que ela estaria em seu próximo
longa-metragem. No começo de Central do Brasil, Socorro
dita uma carta de amor e saudades para Fernanda Montenegro. (Agência
RBS)
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