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Festival
de Gramado 98
A semente da discórdia
Domingo serviu para deixar Gramado com mais cara de festival. A chegada da atriz Taís Araújo, estrela de Um Sonho no Caroço do Abacate, foi a dose de glamour que faltava para atiçar os caçadores de autógrafos e as câmeras de Gramado.
O trabalho do catarinense Lucas Amberg, inspirado em um conto do escritor Moacyr Scliar, conta as dificuldades que um rapaz judeu enfrenta na São Paulo dos anos 60 para conciliar seu amor por uma moça negra (Taís) e sua origem judia, tendo por cenário as manifestações estudantis da época. Ao final da exibição, enquanto alguns choravam de emoção, outra parte do público do Palácio dos Festivais achou difícil engolir o caroço. O filme de Amberg era chamado de “americanizado”, “ingênuo”, “cinemão”. Amberg estava tranqüilo no saguão do palácio, depois da sessão. "Ainda bem que as pessoas reagiram, bem ou mal. Se não houvesse reação, teria sido um fracasso", disse o diretor. O que parece incomodar em Um Sonho no Caroço do Abacate é que, pelo menos em termos de produção, há pouco espaço para o sonho. Amberg rodou, em apenas um mês, todas as cenas duas vezes, para ter versões em inglês e em português. Parte da exigente platéia de festival criticou as falhas de continuidade do filme (especialmente a calcinha “moderna” que Taís Araújo usa em uma cena) e as citações deslocadas de uma obra do então acadêmico de esquerda Fernando Henrique Cardoso. O final do filme também
foi bombardeado e tachado de racista. Boa parte do público até percebeu
isso mas não se incomodou, o importante era acompanhar uma história contada
na ordem direta. Por tabela, Amberg pôs na pauta a disputa entre o cinema-arte
e o cinema-divertimento. (Agência
RBS)
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