Quinta, 03 de agosto de 2000, 12h37min
Luciana Rocha, direto de Gramado
Cannes não entendeu nada. As críticas sobre o filme que chegaram ao Brasil, referentes ao festival deste ano, mostram o quanto é difícil dar credibilidade a críticos consagrados.
O filme de Ruy Guerra é um verdadeiro tesouro. Poético, dramático e revelador, traz às telas grande interpretação do ator Jorge Perugorría como um homem deslocado e perturbado pela vida.
Baseado no livro homônimo de Chico Buarque, com adaptação, roteiro e direção de Ruy, Estorvo reproduz o pesadelo existencialista de um homem comum, que vaga por uma grande metrópole.
Personalidades grotescas e doentias dão o toque à loucura vivida pelo personagem principal. Enquanto este caminha alucinadamente pelas ruas, sem rumo, depara-se com fatos e sequências surrealistas, insanas.
Como é bom observar cenas e planos de um grande diretor. Ruy Guerra dá aos olhos grande prazer, ressaltando as sensações. A direção de fotografia de Marcelo Durst, é um trabalho à parte, demonstrando extrema perfeição e rigor técnico.
Ao final da sessão, Estorvo recebeu aplausos concisos, talvez produto da extrema inquietação gerada pelo final revelador.

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