Luciana Rocha, direto de Gramado
A atriz Florinda Bolkan faz sua estréia na direção com o longa-metragem Eu Não Conhecia Tururu, um dos filmes brasileiros que concorrem ao kikito de melhor filme.De prestígio internacional, Florinda diz ter perdido a conta de quantos filmes participou, mas afirma que foram mais de 50. Ela começou sua carreira nos anos 60, interpretando para grandes diretores como Vittorio de Sica, Alberto Sordi, Luchino Visconti e Richard Lang, entre outros. No Brasil, ela participou do filme de Fábio Barreto Bela Donna que, segundo Florinda, foi um de seus trabalhos mais difíceis.
Eu Não Conhecia Tururu retrata o cotidiano de uma família de classe média alta que se reúne para o casamento de uma das quatro irmãs. O reencontro, os conflitos, sonhos, crenças e desenganos, além das diferenças entre as formas de relações afetivas, integram esta comédia de costumes ambientada no Ceará atual.
O estado é a terra natal da diretora, que se inspirou em várias lembranças do passado para criar a história. Apesar disso, Florinda preferiu não usar "flashbacks" no roteiro, mas sim, mostrar as lembranças por meio de diálogos e conversas.
Quando questionada sobre a preferência à carreira de atriz ou diretora, Florinda diz que, agora, gosta mais da direção. Talvez por ter feito um filme tão pessoal, que era sua alma.
Segundo a atriz, ela tem um lado tímido, que funciona bem para a atuação, mas lhe dá mais prazer na direção. Ela não considera o trabalho de direção estressante, mas admite ter ficado, quando pensava na falta de verba para a realização da produção.
Para Florinda, sua experiência de atriz lhe dá uma das mais importantes qualidades de um diretor que é a liberdade de atuação e espaço do ator para a criação do personagem, sem que seu trabalho caia numa espécie de modelagem, como um boneco.