Ela já desponta como favorita ao kikito de melhor atriz pela personagem que vive em Santitos, de Alejandro Springall - uma história surreal que utiliza a melodramática linguagem dos folhetins das telenovelas.Agora é a vez da mexicana Dolores Heredia posar de estrela em Gramado. Desde que desembarcou na cidade gaúcha para promover Santitos, um dos nove longas concorrentes nesta 28ª edição do festival, a atriz de 33 anos está cercada de fotógrafos e jornalistas.
Ela pode ser vista ainda neste mês na tela, já que a Art Filmes comprou os direitos do filme.
Dolores vive na Suíça, onde integra há 16 anos a Companhia de Teatro Sunil, em Lugano. Em Santitos, vencedor do prêmio de melhor filme latino-americano no Festival de Sundance, ela vive Esperanza, uma mexicana religiosa que embarca em jornada desesperada à procura da filha. No caminho, que a leva até Tijuana e a Los Angeles, passa por situações desagradáveis.
Isso porque ela pressente que a filha, declarada morta após cirurgia na garganta, está viva - após uma "convers" que teve com São Judas (sim, o santo).
Graças ao toque surreal do filme, dirigido por Alejandro Springall, ela vê a imagem de São Judas refletida no vidro do forno na cozinha.
"Não foi difícil construir a personagem. Cresci com mulheres assim, que tinham estreita relação com os santos", diz Dolores, que levou dois prêmios de melhor atriz pelo filme: no festival de Amiens ( França) e no de Cartagena (Colômbia).
A mexicana tem chances de levar o kikito de melhor atriz em Gramado, onde o filme foi muito aplaudido em sua sessão oficial, anteontem à noite. Até agora, a principal rival de Dolores é a veterana Daisy Granados, protagonista da produção cubana Las Profecias de Amanda.
Santitos, o nono longa-metragem da carreira de Dolores, corresponde à imagem que o espectador internacional tem do México. O público familiarizado com as novelas mexicanas pode até reconhecer traços de folhetim no filme. Mas a atriz esclarece: "Ele não imita a linguagem das telenovelas. Nós, mexicanos, é que somos assim, vemos as coisas de maneira exagerada". A alma do país, com sua tendência ao melodrama, suas crenças e cores, está registrada em cada fotograma. "Rodamos em locações reais, confessionários, praças ou cozinhas, e isso impregnou o filme com tomadas que traduzem nosso espírito."