O cinema uruguaio vem experimentando, nos últimos anos, uma certa movimentação na produção de filmes. 25 Watts, que será exibido hoje na mostra competitiva do 29º Festival de Gramado – Cinema Brasileiro e Latino, na primeira sessão da noite, é um dos títulos desta safra recente, de que fazem parte títulos como La Puta Vida e El Viñedo, exibido em Gramado no ano passado.Obra de estréia na direção dos roteiristas Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, o longa, formalmente, se parece com uma daquelas narrativas de Woody Allen fotografadas em preto-e-branco, em que Montevidéu faz as vezes de Nova York. No filme, três rapazes percorrem as ruas da cidade em um sábado de manhã.
25 Watts narra a vidinha descolorida desses jovens quase perdidos a quem as imagens em preto e branco caem com perfeição. O cotidiano com a família, os namoros, as transgressões, tudo se transforma em matéria utilizada por Rebella e Stoll em busca de um clima realista que enquadre seus personagens tragicômicos.
Os diálogos são, por vezes, quase incompreensíveis, devido à giria empregada pelos jovens para se comunicar. Mas os personagens de 25 Watts – referência a uma lâmpada de luz bem fraquinha, quase terminando, que aparece no filme – são suficientemente familiares aos brasileiros, em um contexto que se parece com o uruguaio: deserdados da sorte, a quem resta um fio de esperança, dispostos a viver tudo o que podem até o final.