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Cruela está de volta em "102 Dálmatas"
102 Dálmatas se aproveita do fato de a criançada não se importar de ver o mesmo filme infinitas vezes - geralmente até gastar a fita de vídeo. Essa seqüência do longa-metragem lançado em 1996, a primeira versão em carne e osso do clássico animado de 1961, reedita o enredo do original. Malvina Cruela, novamente interpretada por Glenn Close continua obcecada por casaco de pele de dálmatas. A "novidade" é que agora ela precisa de um cãozinho a mais por ter incluído um capuz no modelito.
Dirigido por Kevin Lima, de Tarzan, o filme traz novos personagens, produção caprichada e um guarda-roupa ainda mais extravagante para Cruela - assinado por Anthony Powell, três vezes vencedor do Oscar de melhor figurino. Mas a falta de um bom roteiro reduz essa produção da Disney a uma desculpa para faturar no rastro do original. Um dos títulos mais bem-sucedidos do estúdio nos cinemas, 101 Dálmatas arrecadou nos EUA US$ 136 milhões, mais US$ 320 milhões internacionalmente.
O filme que estréia amanhã nos cinemas do Brasil (com cópias dubladas e legendadas) tem início com a saída de Cruela da prisão, onde a milionária estilista londrina passou os últimos três anos. Depois de ser submetida a uma terapia mirabolante, com o objetivo de promover beijos e abraços entre espécies inimigas, ela não é mais considerada uma ameaça aos animais.
Depardieu deslocado - Após substituir as peles por roupas de poliéster, a ex-detenta quer até mudar de nome, pedindo que a chamem de Ella. Aparentemente, a milionária passou a amar os bichos, chegando a adotar um cachorrinho de estimação. Para evitar que a patroa tenha uma recaída, Alonso (Tim McInnerny), seu fiel serviçal, escolhe uma criaturinha sem pêlos.
Para impressionar a agente encarregada de avaliá-la no período de liberdade condicional, a estilista salva um abrigo de animais da falência. A caridade ajuda a aproximar Chloe (Alice Evans), a agente de Cruela, e Kevin (Ion Gruffudd), o dono do abrigo, que conferem um pouco de romance à história. Sem quebrar a tradição do antigo desenho, baseado no livro de Dodie Smith, o casalzinho é amante dos animais. Chloe, aliás, é dona do dálmata Rabão, um dos filhotes do filme anterior.
Passada a pouco convincente fase de boazinha, Cruela retoma o projeto do casaco. Como ela não pode raptar os 102 dálmatas necessários para a empreitada fashion, correndo o risco de voltar à cadeia, pede ajuda a outro amante das peles, o costureiro Jean Pierre Le Pelt (Gérard Depardieu).
Deslocado no papel, que exige roupa com pele de leopardo e cabelo punk, o ator francês confirma que sua presença em Hollywood é dispensável - exceção feita a Green Card - Passaporte para o Amor, em que sua participação era pelo menos justificável. O único aspecto divertido dessa última performance é que, ao invés de fingir ter domínio sobre o inglês, Depardieu não esconde que é um desastre no idioma. Suas falas chegam a ser ininteligíveis.
Dálmata sem pintas - Com o mesmo visual bizarro, com metade do cabelo preto, metade loiro, Glenn Close volta mais histérica. Se bem que Cruela é um personagem que respira melhor na animação, onde a caricatura do vilão é mais aceitável. No primeiro filme havia pelo menos a expectativa em torno da versão em carne e osso da diabólica Cruela. Agora só fica a interpretação exagerada.
Essas considerações, no entanto, não vão interferir no prazer que o filme promete proporcionar ao público infantil. Há corre-corre, palhaçadas, heroismo, final feliz e muitas cãezinhos adoráveis se comportando como humanos. Um dos destaques do elenco canino é Albina, a dálmata que exigiu mais 56 artistas da computação gráfica para remover suas pintas. Façanha registrada logo na abertura do filme.(Elaine Guerini/Agência Estado)
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