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Cerca de 30 diretores de cinema de todo o mundo reuniram-se em Cannes na terça e na quarta-feira para discutir, em simpósio especial do evento, as formas pelas quais as novas tecnologias podem transformar o cinema. Divididos entre os otimistas, que vêem as tecnologias digitais como grandes difusoras e revitalizadoras do cinema, e os pessimistas, que enxergam no excesso de imagens um empobrecimento e um risco, os cineastas não chegaram a um consenso. O dinamarquês Thomas Vinterberg (Festa de Família) acredita que o cinema tem a ganhar com as novas técnicas. "O cinema continua a ser uma forma de arte que evolui lentamente. As novas tecnologias revitalizam o cinema, facilitando a criação artística. Não devemos ter medo das mudanças. O que é maravilhoso sobre a tecnologia (digital) é que nos permite contar uma história sem ter de pensar em lucros", disse. Por outro lado, alguns temem o esvaziamento da arte. O indiano Murali Nair acredita que os países em desenvolvimento não terão o mesmo acesso às novas tecnologias que os países ricos. "Há um grande risco. A nova tecnologia é cara e se desenvolve rapidamente. Essas sociedades não conseguirão acompanhar (...) e nesses países o cinema deverá ser controlado por um pequeno número de grandes conglomerados de produção", disse o diretor de Marana Simhasanam. O canadense Atom Egoyan (O Doce Amanhã) tem uma visão pessimista, mas sob um ponto de vista conceitual. "Com a multiplicação dos canais de televisão, vivemos através dos eventos de uma maneira fraturada. Hoje, retemos apenas as imagens nas quais nos imaginamos. É a morte do evento comunitário." O fórum termina hoje, e teve a participação do brasileiro Walter Salles (Central do Brasil), que iria falar sobre tecnologia nos países em desenvolvimento.
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