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O único filme latino-americano em competição no Festival de Cannes 2000, adaptado do livro de Chico Buarque, "Estorvo" de Rui Guerra, apresentado neste domingo, foi considerado surpreendente e ousado. O diretor opta por adaptar o texto em imagens, mas conservando-o através de uma voz em off (a do próprio Guerra), enquanto a câmara se aproxima da pessoa, a asculta, praticamente entra nela, e o mundo se mostra através de seus olhos; torna-se no que esta pessoa vê, até a deformação extrema. Ruy Guerra, de 69 anos, continua testando, experimentando, buscando novas linguagens. A projeção de "Estorvo" foi saudada com uma salva de palmas neste domingo, embora houvesse também algumas vaias. O diretor brasileiro de origem portuguesa (nasceu em Moçambique), explicou em entrevista à imprensa que quis "expressar toda a angústia existencial de um personagem aparentemente abstrato, mas que vive situações do dia-a-dia, um personagem destes tempos de globalização, no qual a juventude perdeu os ideais". É por isso, segundo ele, que o filme "é uma mescla de culturas, de cidades, transcorre numa cidade não definida (foi rodada em Havana e Rio), foi filmada em 'portunhol', com muitos sotaques diferentes", disse Guerra. Outros dois filmes em competição foram apresentadas neste domingo: "Trolosa" (Infiel), dirigido pela atriz e cineasta norueguesa Liv Ullmann com base num roteiro de Ingmar Bergman. Seguindo uma história inspirada na vida do próprio Bergman, Ullmann, que foi companheira do diretor sueco e teve uma filha com ele, descreve um triângulo amoroso numa obra sobre a infidelidade, o remorso e o desespero. Também foi apresentado "The golden Bowl" (A copa de ouro), obra com a qual o veterano diretor James Ivory firma sua terceira adaptação de Henry James.
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