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Cannes: "Saint Cyr" é filme de época com ressonância contemporânea



Depois de "Vatel", retorno ao grande século com Isabelle Huppert, que vestiu os trajes de Mme de Maintenon, a última favorita de Luis XIV, em "Saint Cyr" de Patricia Mazuy, um "filme de época" com ressonâncias contemporâneas sobre a educação, o feminismo e o fanatismo religioso.

Apresentado na seção oficial Um Certo Olhar, "Saint Cyr" relata a criação de uma "Summerhill (escola livre) do século XVII" por Madame de Maintenon, "uma puta que se sente suja e vira boa irmã" até cair no integrismo, diz Patricia Mazuy à AFP. "É a história de uma utopia que se desintegra".

Isabelle Huppert interpreta esta cortesã esclarecida, que intrigou e se serviu dos homens para chegar ao poder. Decide então fundar a Casa Real de São Luís para acolher 250 "filhas do Rei", orfãs da nobreza arruinada pelas guerras, e fazer delas mulheres livres.

Entre as eleitas de Saint-Cyr, Anne de Grandcamp e Lucie de Fontenelle vão se tornar inseparáveis e atrair a atenção de Madame de Maintenon, que vai odiar Anne (Morgane Moré), a rebelde que lhe resiste, e gostar à sua maneira da pura Lucie (Nina Meurisse) até sacrificá-la para pagar seus pecados.

Nesta escola de vanguarda, as meninas vão aprender francês e a língua de Racine para quem "a palavra é uma arma". Mas quando brincam com muita paixão diante do rei e dos cavaleiros libertinos da corte, Madame de Maintenon, subitamente, fica com medo e teme ter feito delas pequenas cortesãs à sua imagem.

É a volta do castigo. A benfeitora se volta para um abade místico que, com o fanatismo de um inquisidor, queima os livros e leva as meninas "ao caminho certo". (AFP)

 

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