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Da cantora islandesa Bjork aos trovadores coreanos de "Chunhyang", o melodrama musical estava na ordem do dia esta quarta-feira na Croisette com o esperado "Dancer in the dark" do dinamarquês Lars Von Trier, que reúne a vulcânica cantora de rock e a star Catherine Deneuve. Acolhido por aplausos e vaias, o último filme de Lars Von Trier provocou muitas lágrimas. Mas Bjork brilhou por sua ausência na coletiva. Os flashs da filmagem com a temperamental jovem cantora islandesa (34 anos) precederam a projeção em Cannes. Com muito "fair play", Catherine Deneuve e Lars Von Trier defenderam Bjork dizendo que "ela não representa, ela é". "Foi gratificante mas muito doloroso", acrescentou o cineasta. Para a atriz francesa, que retoma o musical depois de "Os guarda-chuvas do amor", "Bjork é como uma criança na escola". Esta tragédia, cheia de números dançados e cantados, conta as desgraças de Selma, jovem emigrada checa na América dos anos 60 que trabalha numa fábrica. Cria sozinha seu filho Gene e sofre de uma doença hereditária que a torna cega. A infeliz economiza para pagar a operação que salvará pelo menos a visão de seu filho. Mas um vizinho rouba suas economias. Os únicos confortos de Selma são a amizade de seu anjo da guarda Kathy (Deneuve) e seu amor pela comédia musical. Rodado em vídeo (até cem câmaras para um número coreografado na fábrica onde trabalha Selma) e com câmara portátil, este melodrama operário de tons sombrios não é um filme Dogma, contrariamente aos "Idiotas" que lançou, há dois anos, o movimento em Cannes. Custou muito caro (16 milhões de euros). Após ter recebido o prêmio do júri por "Europa" e o grande prêmio do júri por "Breaking the Waves", Von Trier é um candidato plausível à Palma de Ouro. Em um estilo diferente mas bem original, o cineasta veterano Im Kwon-Taek - 64 anos e com quase 100 filmes - apresentou "Chunhyang", o primeiro filme coreano em competição na história do festival. Esta história de amor tipo Romeu e Julieta que se desenrola no século 18 pertence á tradição do Pansori, uma forma de balada poética com toques de blues ou de fado coreanos. Esta tragédia musical e exótica, estranha para ouvidos ocidentais, é de uma extrema beleza visual.
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