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Stênio Garcia faz o marido do meio em Eu Tu Eles. Seu personagem chama-se Zezinho e é o mais infantil de todos os maridos de Darlene, a personagem interpretada por Regina Casé no belo filme de Andrucha Waddington. Garcia já havia feito outros filmes antes - cita o índio que interpretou em Brincando nos Campos do Senhor, de Hector Babenco -, mas nunca teve uma experiência cinematográfica tão rica como essa. Conta que os atores estudaram o texto detalhadamente com o diretor e a roteirista Elena Soárez. Depois fizeram novas pesquisas no próprio local da filmagem, na fronteira da Bahia com Pernambuco. Ator de teatro, cinema e televisão, Garcia é mais conhecido do público por seus papéis na última, em novelas e minisséries da Globo. Mas ele não tem nada a ver com o naturalismo que domina a linha das interpretações na emissora. Garcia conhece como poucos seus instrumentos de trabalho - a voz e a expressão corporal. Treina todos os dias - 40 minutos, pelo menos. Dá aulas para atores, faz palestras para executivos, sempre ajudando as pessoas a desenvolverem seu potencial. Lembra que durante muito tempo (dez anos!) preparou atores para as peças dirigidas por Antunes Filho. Grotowski e Peter Brook são seus mestres. Seu método tem origem na terapia transacional criada pelo psiquiatra canadense Eric Berne, que privilegia a visão tripartida da personalidade (a criança, o adulto, o pai). Com base nesses elementos - e discutindo muito com Andrucha Waddington e com os colegas de elenco, Lima Duarte e Luiz Carlos Vasconcelos -, surgiram os diferentes enfoques ou atribuições de cada marido de Darlene. Ozias, interpretado por Duarte, é o patriarca da história; Vasconcelos atende às necessidades sexuais da protagonista; e Zezinho, o personagem que o próprio Garcia interpreta, é uma espécie de filho da heroína, o mais `menino' dos três. A criança, o adulto, o pai. Tudo isso foi muito pensado e discutido, além de devidamente incorporado ao roteiro de Elena (que acompanhou a filmagem e fez as modificações necessárias). Garcia elogia muito a direção de Waddington e, mais até do que a direção, seu método. "Para que a gente entendesse melhor os personagens, ele nos pôs, o Lima e eu, a fazer uma casa de barro na região", conta. Waddington discutia a interpretação, ao contrário do que ocorre na TV, quando o diretor praticamente não interfere no processo criativo do ator. Garcia vai fazer uma rapsódia de Shakespeare, no ano que vem, no teatro. Estará na minissérie baseada em Os Maias, de Eça de Queirós. E tem, como próximo projeto no cinema, o novo filme de Eliana Café, a ser produzido por Pedro Bial.
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