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Voltam os filmes políticos no Festival de Veneza



Os filmes políticos, comprometidos com a própria realidade e luta contra a indiferença e a passividade, foram recebidos com generosos aplausos no Festival de Cinema de Veneza, onde voltaram a denunciar a violência e a intolerância em países como o Brasil, a Itália e a Índia.

O primeiro dia do festival foi inaugurado esta quinta-feira com dois filmes em competição, o italiano Cem Passos, de Marco Tullio Giordano, e o indiano Uttara, de Buddhadeb Dasgupta, simples e comoventes, longamente aplaudidos pelos cinéfilos que invadiram o Lido de Veneza.

O filme italiano, que narra a história do jovem Peppino Impastato, nascido em Cinisi, Sicília, a cem passos da residência do chefe da máfia, Tano Badalamenti, assassinado em um atentado, em 1978, por ordem da Cosa Nostra, descreve as terríveis contradições e sofrimentos de uma família siciliana protegida pela máfia.

"Não se trata de um filme sobre a máfia e sim sobre as relações entre um pai e seu filho, que tentam se amar apesar da cultura de violência dominante e de suas trajetórias diferentes", afirmou o cineasta italiano, que faz uma reconstrução detalhada, equilibrada e, ao mesmo tempo, terna do jovem rebelde que permitiu desafiar o poder de Don Tano.

Escrito por Claudio Fava, filho de um escritor siciliano morto pela máfia em 1984, o filme envia uma mensagem sobre a possibilidade de se quebrar com as leis da máfia. Em um ambiente completamente diferente, em um perdido e silencioso povoado de Bengala, na Índia, o veterano cineasta e escritor indiano Dasgupta conta a própria batalha contra a passividade, a indiferença e intolerância religiosa.

Com lindas imagens e metáforas elegantes, os personagens desse mundo rural, uma esposa ingênua, um anão gentil, dois lutadores egocêntricos, um grupo de capangas hinduístas, desfilam lentamente e segundo o estilo do cineasta indiano - autor de onze filmes, muitos deles premiados nos festivais nacionais e internacionais - para denunciar a impotência, a violência que atinge o homem em qualquer lugar do mundo, inclusive nos aparentemente serenos vales do coração da Índia.

"Quero lançar uma mensagem em favor da beleza", afirmou o cineasta. Completamente urbana, contado em um ritmo de rap, outro filme de cunho político, esta vez brasileiro, inaugurou a seção "Novos Territórios" do festival.

Com O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas, de Paulo Caldas e Marcelo Luna, uma espécie de documentário sobre o mundo das favelas brasileiras, denuncia com rigor a violência urbana, representada pelo héroi-anti-héroi Helinho, o justiceiro do Recife, um adolescente que cometeu mais de 60 assassinatos e considerado um "príncipe bom" pela comunidade.

O filme denuncia e aborda sem subterfúgios as duas faces de um mesmo Brasil, a dos jovens que lutam através da música, elemento de rebelião e educação, e a do "príncipe", condenado a 99 anos de prisão, mas símbolo da única justiça que conhecem. (AFP)

 

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