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Richard Gere seduz platéia feminina em Veneza



Richard Gere sempre exerceu um magnetismo sobre as mulheres. Dr. T and the Women, atualmente em competição no 57.º Festival de Cinema de Veneza, instiga ainda mais a imaginação feminina, colocando o bonitão de 51 anos na pele de um ginecologista. O novo filme de Robert Altman pode não arrebatar o Leão de Ouro no evento, mas dificilmente outra produção conseguirá provocar mais alvoroço entre as mulheres. Gere mal pôde sair do hotel em sua passagem pela cidade dos canais.

"As mulheres querem alguém que saiba ouvi-las", disse o astro, tentando explicar o sucesso que faz com o sexo oposto. Na Itália desde terça-feira, o ator só apareceu em público hoje, levantando a platéia feminina ao desfilar pela passarela branca do Palazzo del Cinema antes da exibição oficial do filme. "Adoraria ter conhecido melhor a cidade, mas evitei as aparições públicas. São muito estressantes'', comentou o ator, que almoçou hoje com a reportagem no restaurante do Hotel 4 Fontane.

Depois de rejeitar a entrada de rosbife, explicando ao garçom que é vegetariano, Gere comeu fettuccine de espinafre com champignon. Vestindo uma camisa cinza, calça jeans preta e óculos escuros, o ator se mostrou de bom humor. Ele falou da experiência da paternidade, de mulheres, de espiritualidade e principalmente de "Dr. T. and the Women", que será lançado no Brasil pela Paris Filmes (ainda sem previsão de estréia).

Dr. Sullivan Travis, seu personagem, é um ginecologista de Dallas que lida diariamente com mulheres ligeiramente neuróticas. Entre elas, Farrah Fawcett, Laura Dern, Helen Hunt e Liv Tyler - sendo que ele examina esta última mais detalhadamente. "Por mais que minha mãe sempre sonhou em ter um filho médico, eu não me sairia bem nessa especialidade. É muito estranho ver uma pessoa desse ângulo", brincou.

AE - Seu personagem examina várias mulheres no desenrolar da história. Houve alguma situação embaraçosa durante a filmagem?

Richard Gere - Não para mim. Mas para Jeanne Evans, uma atriz de Dallas que eu examino logo no início do filme. Ela passou pelo set só para me conhecer,já que nós faríamos a cena no dia seguinte. Mas Bob (o diretor Robert Altman) disse: "já que você está aqui, vamos ensaiar''. Então ela deitou na mesa. Sentindo que ela estava encabulada, Bob aproveitou e pediu que ela abrisse as pernas. Deus! Deu para perceber o que ela deve ter pensado na hora: "Vou abrir as pernas para Richard Gere. Espero que eu tenha colocado a minha melhor calcinha".

AE - Ainda que você exerça esse magnetismo sobre o sexo oposto, não existe no filme qualquer insinuação sexual por parte do médico. Isso não é uma contradição?

Gere - Acho que não. Na medida em que Dr. T é mais um psicólogo do que um ginecologista. Ele ouve as necessidades das mulheres, tanto físicas quanto emocionais. Por isso elas se sentem tão atraídas por ele. Dr. T é um daqueles caras que pensam poder consertar todos os problemas. Ele assume que pode ajudar todas elas, sem perceber que pode acabar sufocando-as.

AE - Você é assim em seus relacionamentos?

Gere - Posso dizer que sim. Acho difícil não me envolver quando alguém que eu amo está com um problema. Sempre fui assim com as minhas mulheres. Com a que tenho hoje e com as que já tive (Gere foi casado com a modelo Cindy Crawford). Se há algum problema, eu ouço e depois tento reparar. Talvez seja isso que elas mais gostem em mim. É a minha natureza.Mas, por outro lado, sei que não posso solucionar todos os problemas das mulheres. E, se eu tentar, a situação pode ficar ainda pior. Mesmo as pessoas que têm tudo aquilo que pediram a Deus não são necessariamente felizes. É frustrante quando você não tem do que reclamar, mas, mesmo assim, continua sentindo um vazio.

AE - Você parece ter tudo. Foi por isso que se voltou ao lado espiritual, acabando por escolher o budismo?

Gere - Eu comecei essa busca espiritual há 30 anos, quando posso lhe assegurar que eu não era rico ou famoso. Era bem pobre, na verdade. Mas isso me ajudou a entender que havia coisas mais importantes na vida do que dinheiro e sucesso. Eu tive a felicidade de perceber bem cedo a diferença entre como as coisas aparentam ser e como elas são de verdade.

AE - Seu primeiro filho nasceu no meio da filmagem. A paternidade mudou de alguma forma a sua percepção da vida e do filme?

Gere- Acho que, com o nascimento de Homer, eu me senti mais à vontade interpretando um homem que tem duas filhas adolescentes. Quando eu conheci as atrizes que fariam minhas filhas (Kate Hudson e Tara Reid), tenho de admitir que parte de mim pensou: "que mulheres bonitas!''. Em outro momento da minha vida, eu poderia até flertar com elas. Depois, com a experiência da paternidade, achei mais fácil mudar a minha expressão natural e explorar essa outra forma de me relacionar com as mulheres.

AE - Seu personagem faz um parto no filme. E o nascimento do seu filho, você assistiu?

Gere- Sim. Eu estava rodando o filme, quando minha mulher (a atriz Carey Lowell) ligou dizendo que estava chegando a hora. Então, eu deixei Dallas e fui até Nova York. Mas a cirurgia não foi parto normal como no filme. Meu filho nasceu de cesariana. Aquele momento ficará marcado para sempre na minha memória. Eu já sabia que era um menino no momento da concepção. Eu sei que é estranho dizer isso, mas eu pude ver o seu rosto. Mas nada se compara ao primeiro olhar. Ter um filho, aliás, é uma das experiências mais extraordinárias e gratificantes que a vida pode oferecer. Mesmo quando o primeiro só chega quando já se passou dos 50 (risos). (Agência Estado)

 

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