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Dá mais prestígio do que dinheiro distribuir os filmes de Woody Allen no Brasil. Quem afirma é o dono da Pandora Filmes, André Sturm. A empresa está trazendo Poucas e Boas, que deve estrear no 2º Festival do Rio BR, que começou ontem. Sturm queria ter trazido Poucas e Boas em março, para aproveitar a mídia gratuita que a indicação de Sean Penn para o Oscar de melhor ator poderia lhe garantir. Não deu. Ele explica por quê. A Intermidia é a empresa que distribui os filmes de Woody Allen no exterior. Não queria que Poucas e Boas fosse lançado antes de Celebridades no País. Os executivos da empresa nunca disseram isso claramente a Sturm. Alegavam problemas com o negativo e assim ficaram retardando por meses a estréia nacional. No momento em que foram solucionados os problemas que emperravam o lançamento de Celebridades, o outro filme foi liberado. O problema com os filmes de Woody Allen é que são caros para o nível de público que conseguem atingir. Os três últimos exibidos no Brasil fizeram, em média, 200 mil espectadores cada - Poderosa Afrodite, Todos Dizem Eu Te Amo e Desconstruindo Harry. São números honrosos, mas não para o tipo de produto caro que são esses filmes. No leilão para trazer Harry ao País, o filme foi adquirido na fase de projeto por uma distribuidora que se dispôs a pagar algumas centenas de milhares de dólares. A distribuidora não teve dinheiro para pagar. Desistiu e outra distribuidora terminou pagando - menos, mas ainda caro - para um produto seletivo. Com Celebridades ocorreu algo parecido. A distribuidora comprou o filme, viu que não poderia saldar o compromisso, renegociou a dívida e finalmente o filme está estreando. Na seqüência deve vir Poucas e Boas, mas Small Time Crooks ainda não foi adquirido para o Brasil. Como o filme faz parte do novo contrato da produtora de Allen com a Dreamworks deverá ser distribuído internacionalmente pela empresa de Steven Spielberg. Isso não significa que vá ser lançado pela United International Pictures, que detém a preferência da Dreamworks no Brasil. Allen é um caso curioso no cinema americano. Seus filmes custam em torno de US$ 10 milhões, o que significa que são baratos para os padrões milionários de Hollywood. Ele sempre ostenta elencos grandiosos. Só para ter Julia Roberts em Todos Dizem Eu Te Amo deveria ter dispendido US$ 15 milhões, o salário da diva. Ela trabalhou quase de graça, pelo prestígio de participar de um filme de Woody Allen. O caso de Leonardo DiCaprio em Celebridades é particular - o filme, embora de 1998, foi rodado antes da estréia de Titanic. A diretora de casting Juliet Taylor, que já selecionou o elenco para 26 filmes de Allen, diz que os maiores astros aceitam trabalhar por US$ 10 mil em suas produções. Ajuda bastante o fato de muitos atores que já trabalharam com Allen terem recebido o Oscar. Ele nunca escreve pensando no ator. O casting é feito depois. Juliet admite que mesmo os US$ 10 mil estão se tornando pesados - e fala em pagar a tabela do sindicato, em torno de US$ 5 mil, o que segundo ela não vai afastar os astros e estrelas do diretor. Até o cafezinho está sendo cortado no set. A ordem é economizar, já que os US$ 10 milhões usuais estão ficando caros para o produto exigente que Allen faz e que tem resultados modestos na bilheteria. Um raro distribuidor que também é cinéfilo, Sturm admite sua satisfação em trazer um filme de Woody Allen para o Brasil. Ele sabe que dificilmente terá um grande lucro, mas espera pelo menos zerar o investimento. Como admirador, seu prazer só estará completo quando puder assistir aos outros filmes do autor ainda pendentes para o espectador brasileiro.
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