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24ª Mostra: Festival deste ano promove debates e ciclos de filmes digitais
Von Trier é o arauto da nova tecnologia

Catherine Deneuve, Björk
e Von Trier, por trás das
câmeras

Pode ter sido simples coincidência, mas o Festival de Cannes deste ano foi precedido por um amplo debate sobre as novas tecnologias. Durante dois dias, diretores de todo o mundo reuniram-se sob a direção da atriz Isabelle Huppert para discutir o futuro do cinema. Concluiu-se que ele era digital, mas uma pergunta ficou no ar, irresolvida – se mudarem os suportes, o cinema continuará sendo cinema ou vai virar outra coisa? O debate antecipou o festival e o marcou. Por isso, não houve surpresa quando o júri presidido por Luc Besson outorgou a Palma de Ouro a Dançando no Escuro, de Lars Von Trier. O musical com Björk teve uma exibição no Festival do Rio BR 2000, terá outra na mostra de São Paulo. É um dos filmes mais aguardados.

A 24.ª mostra entra de ponta na nova tecnologia com o filme de Von Trier e também De Cara Limpa, do brasileiro Sérgio Lerrer. Ambos foram captados em vídeo, mas foram kinescopados e passam como cinema, um processo já conhecido. Novidade mesmo é a exibição de filmes captados em vídeo e que serão apresentados com um projetor digital. É o futuro do cinema chegando ao País (leia texto abaixo). É uma pena que tenham sido cancelados os dois filmes de Arturo Ripstein, Así Es la Vida e La Perdición de los Hombres. O primeiro vai além de Von Trier, na tentativa de estabelecer os fundamentos do que seja uma nova estética baseada no digital.

É o problema que pode (e deve) ser assinalado. As novas câmeras digitais estão promovendo uma verdadeira revolução técnica, que pode ser comparada àquela operada pela Arriflex por volta de 1960. A câmera mais leve, com som acoplado, liberou os cineastas do pesado equipamento de estúdio. O cinema pôde sair para as ruas, surgiram a nouvelle vague e o cinema-direto. No caso da câmera digital de Dançando no Escuro, criou-se um marketing poderoso. A informação de que o cineasta teria usado cem câmeras numa só cena virou a sensação de Cannes 2000. As tais cem câmeras de vídeo desmontam o mito do minimalismo e da pobreza do Dogma, o movimento dos monges-cineastas dinamarqueses, do qual Von Trier não é só um dos signatários, mas também o inspirador. O grande barato da nova tecnologia é que ela reduz custos e libera os autores para ousar mais – é o que diz Ripstein e ele, com certeza, ousou bastante em Así Es la Vida, excluído da mostra porque já havia sido apresentado na programação dos independentes, em julho.

Von Trier também ousa. Um musical dramático, com pena de morte e tudo, não é exatamente convencional. Mas Dançando no Escuro também é um melodrama e aí talvez seja tradicional, senão convencional. A polêmica que agitou Cannes deve prosseguir em São Paulo. O desafio dos diretores é transformar a nova tecnologia numa nova estética. Nesse sentido, Así Es la Vida vai um passo à frente de Dançando no Escuro, o que só quem viu o filme em julho poderá confirmar.

Filmes Digitais.

No Cinearte, dia 2, às 21 horas, "Dancer in the Dark".

Sala UOL – "Meu Transumano", de Eric Klint, dia 26, às 17h55, dia 25, às 21h10, dia 29, às 20h55;

"Dolce", de Alexander Sokurov, dia 23, às 17h30, dia 24, às 19h20, dia 25, às 14h30;

"Fellini Narra: Um Auto-Retrato Encontrado", de Paquito del Bosco, dia 24, às 15h50, dia 25, às 17h30, dia 1, às 19h40;

"Um Sonho Sonhado na Sicília", de Giuseppe Tornatore, dia 26, às 15h25, dia 19, às 19h40, dia 30, às 18h40;

"Ferreri, I Love You", de Firella Infascelli, dia 31, às 22h30, dia 1.º, às 16h05, dia 2, às 16 h;

"Oshima 99", de Naoe Gozu, dia 27 e 29, às 13h40, dia 31, às 18h30; ‘

"Black, de Pierre Maraval", dia 24, às 17h10, dia 31, às 16h20, dia 2, às 19h35

(Agência Estado)

 

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